sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Minha oração

Senhor que eu possa ser conforme a tua vontade.
Dá-me paciência para o dia-a-dia e
Tolerância para as diferenças
Faz brotar dentro de mim a temperança
Não me deixais esquecer de que sou feita
e para o que fui feita
Preenche meus vazios com tua misericórdia
e dela faz-me seguidora e disseminadora
Ajuda-me a separar o joio do trigo
Fortalecei meu espírito
Atiçai a luz que devo colocar à mesa
Em teus braços quero aninhar-me
nas minhas tempestades
Tu que sabes o que preciso
Dai-me a parte que me cabe
E abrandai meu coração ansioso por entender
os porquês do agora
Em meu socorro venha o teu Espírito Consolador
- nas horas em que tudo parece escuro -
e por Ele eu possa caminhar sem temer.
Amém.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Folhas sem pauta, para um amigo.


Por Elmário. Para Elmário.


Neste vaso com folhas disfarçadas de flores
Depositei todo amor fraternal que lhe tenho.
Nas pequenas hastes
Nossos sorrisos e segredos
Nossos medos.
Não lhe comprei livros desta vez
Neste vaso, sem outro adorno,
Dou-lhe um ornato para celebrar a felicidade
de nossos encontros e de sua existência.
As folhas que lhe dou,
sem pauta, sem exatidões,
são como nossa vida de alegres plantas no jardim:
nossa beleza ao dispor das abelhas,
dos namorados, dos jardineiros.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Para mim

Reler o que escrevi é como escutar o pulsar do meu coração dentro do meu próprio ouvido, como quando se apóia a cabeça sobre a mão. É a revelação do que nunca esteve escondido contudo só desta forma tenha se mostrado.

Frestas


Vejo a noite escura
Por entre as frestas da minha persiana.
Ritmado, o vento sopra para dentro do meu quarto.
Também o desejo de Deus se avizinha de mim.
A noite escura
O dia claro
Metáforas de que me aproveito.
Meu coração ansioso das coisas que não entende.
Sou toda dúvidas
E certeza.
Sinto sono.
Devo entregar minhas razões e meus tropeços
A quem tudo sabe.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Perdidas de amores?

Suspiros. Intervalos.
O caminho de ida:
Indo, voltamos.
Sentimento de completude
Ao ver aquela pequena flor azul.
Raios do sol da tarde queimam minhas pernas
Enquanto caminho pelas pedras.
Passou por mim um beija-flor
- ou teria sido eu a tremular por entre suas asas?
A chuva desabrocha
nas flores o desejo da beleza
- em suas pétalas sorriem para Deus.
São a moldura do meu caminho.
Respiração. Continuidade.
Independem de mim as abelhas que vejo:
Estão nas flores brancas (perdidas de amores?).

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Eu ando prá cima e prá baixo com os versos no coração

Eu ando prá cima e prá baixo
Com os versos no coração

Em pequenas reservas
Dentro dos meus olhos
Há a poesia das coisas
Que reveladas ao vento
Transformam meu caminho

Eu ando prá cima e prá baixo
Com os versos no coração

Grandes veios de frases
Muitas palavras nos leitos dos meus dedos
Teimam em não desaguar
No papel pautado ao meu lado

Eu ando prá cima e prá baixo
Com os versos no coração

Escondidas e imensas
Ínfimas e desnudas
Vistas pelas janelas e portas
As rimas fugidias, arreliadas

Eu ando prá cima e prá baixo
Com os versos no coração

Ouço-os sussurrar as palavras,
Histórias de amor e silêncios
Que hão de derramar-se no papel de carta
Com as letras declamando:

Eu ando prá cima e prá baixo
Com os versos no coração 

Claros e permanentes

Dou-me em enfeites claros e permanentes
Ainda que haja luz
E mesmo que esteja escuro.

domingo, 14 de agosto de 2011

Flores no altar

Há flores no caminho.
O sino da igreja lembrando que já é hora
De amar
De ajoelhar
De vir
De voltar
De abraçar
Há flores no altar
Oferta de quem dá
A quem já tudo pertence.
Há tanto silêncio na cruz
E gritos que não calam em minha alma.
E tanta alma
Nas minhas mãos e letras.
Ah, misericórdia!
Há sempre misericórdia
No cair da noite
No raiar do dia
No sopro da brisa
Infiltrada em meus cabelos.
Queria falar de outro amor.
Entretanto e entre tantos
Falo do amor que habita
A formiga e o beija-flor
O pobre e o pecador.
No silêncio
É que grita em mim o Seu amor.

sábado, 13 de agosto de 2011

Como o sol

Luz por entre as frestas.
Reclusos num canto qualquer são como poesia
Poema recitado numa sala.
Quando se encontram
Recordam as lágrimas e os sorrisos
As centelhas daquelas memórias
Rebrilham em suas faces.
Falam de silenciosas caminhadas
A dois, a três ou mais.
Naqueles esboços de encontros
Espaçados e cada vez mais raros
Sempre abre-se nova folha
Na velha planta enraizada.
São como o sol,
os amigos que escreveram seus nomes no meu pensamento.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Em construção

Decido ser assim. Faço das minhas pedras ornatos de jardim. Um canteiro esperando por uma flor.
Meu peito clama por mais e a vida tantas vezes me manda menos...
Num precipício suspiram meus olhos. De lá, bem do fundo, emerge o cheiro da origem das belezas sublimes de que me falaram outrora.
A esperança de um horizonte com cheiro de mar porque o que me inquieta é o sertão longe das ondas salgadas.
A meninice do meu coração: as sementes que planto com as pontas dos dedos, as miudezas e gentilezas do desabrochar por mim.
Sou assim. Caminho e peregrino, vento e solidão.
Esperando que tudo melhore, que a dor passe, que a saudade cesse, que me digam sim, que me digam não.
Inacabada. Em construção.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Três vidas

Não sou Maria no nome, mas sou no existir
Aromas coloridos nas flores pequeninas das imagens
dos quadros postos em minhas paredes.
Paredes. Redes. Balanço-me sem mover-me.
Você crê ser isso possível?
Sou Maria.
Três vezes, como na constelação que outrora apontei - na minha infância.
Em três vidas por mim paridas: Marias.
Não sou Maria mas estou impressa em suas grafias.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O sol se esconde porque sorrio.

Já quis abraçar e me escondi distante. Peço perdão pelos meus olhos tristes e minha boca solícita e sorridente. As inúmeras palavras que eu deveria falar são agora caminho entre o que vejo e o que reverbera nas finas paredes do meu coração sozinho, por escolha.

Não posso me prometer um caminho ao sol morno da tarde. A tepidez da água só existe na ânsia de senti-la a lambiscar meus pés - porque é sertão e já não chove mais. No sol morno encontro-me eu, exausta, sentada numa pedra, ouvindo as galinhas d'água lá longe.

Não se pode ser alegre sempre. Nem triste. Já aprendi, me recordo, que tudo são estações. O que preciso compreender e assimilar é o paradigma de que nem sempre chove quando choro e de que, às vezes, o sol se esconde porque sorrio.

Olho para trás. E para frente. Estou lá e aqui. Muito mais do que sei, sei que há. Exemplo claro é ser eu quem sou sem jamais poder tocar quem fui, ainda que ao sentir-me recorde-me da suavidade de outrora.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Simão Dias

Empatia, de acordo com a definição constante do site www.dicionarioinformal.com.br é a "capacidade de se identificar com outra pessoa". Filosofica e psicologicamente deve haver explicação (ou explicações): o fato da outra pessoa apresentar características de um ente muito importante na sua infância, de ser um extensão da sua imagem (gordo, magro, alto, baixo, vesgo e por aí vai), de gostar dos mesmos passatempos, de ser um tagarela, de ser um bom ouvinte. O fato é que a empatia é aquela mão na roda que a vida nos empresta com certa frequência.


Onde eu trabalho, nos últimos anos, já posso dizer isso pois estou virando uma pessoa de meia idade, houve uma certa rotatividade nos postos de execução. Muita gente nova, concurseiros que estiveram só de passagem ou que saíram de sua terra natal para assumir o emprego mas quiseram retornar para junto da sua família.


Nos meus relacionamentos há, de minha parte, uma coisa que considero pitoresca: passo a gostar de coisas que o outro gosta e a olhar meio atravessado para coisas ou pessoas que incomodam o outro. Exemplificando: você conhece Simão Dias, no estado de Sergipe? Eu não conheço, mas tenho um 'empático' que é natural dessa cidade. Quando trocamos nossos e-mails, ele me mandou um arquivo que falava da formação da cidade, dos costumes, das festas. E aí, vez por outra entro nos sites que falam da cidade que passei a 'gostar' porque tenho grande empatia por um seu filho que me apresentou aos seus 'encantos'.


A minha admiração pela lua também vem de muito longe. Tenho uma amiga que participou de um show com Caetano Veloso. Relatou-me que ele ao cantar Lua de São Jorge havia no céu uma grande lua amarela. Pronto! Ela no show, eu em casa. Pode parecer meio louco, mas quando escuto a música posso sentir a vibração daquele momento, do qual não participei!


Poderia escrever ainda muitas linhas. Não dá. Tenho que estudar. Falando nisso há um amigo que deveria fazer isso também, mas foi rezar. Diante daquele altar, dele também hei de me lembrar.

Letrinhas redondinhas

Suas letrinhas redondinhas num bilhetinho de amor. No cantinho do papel, nós duas de mãos dadas, sorridentes, num jardim florido e sobre as nossas cabeças muitos coraçõezinhos.
Essa imagem escorre em minha face.
Meu cheiro de lavanda me desconsola.
O tempo que não volta, a estrada de ida, o ponto de partida.
Fecho os olhos e guardo a imagem.
Só o silêncio. Noturno e solitário.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Céu da manhã

Lá fora a névoa esconde as serras, a capelinha, esconde o céu da manhã.
Ao longe escuto passarinhos, cães latindo e em cima da casa do meu vizinho, vejo, entre as telhas, que nasceu uma planta de espinho.
Aqui dentro uma ânsia para que mude o tempo (e não só isso).