quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Vazante

Na cerca
O limite
Admite
Muito mundo para pouca ocasião

A mulher era uma menina
Que não sabia lidar
Com os desanuviados daquele céu
Azul e distante das suas raízes

Tinha um mar dentro do seu coração
Pisava em terra de aluvião
Enchente do seu peito
Fora das margens das horas

Era tarde
O adiantar da noite
Despertava suas papilas

A cerca. 
A brisa.
Seus pés finos e calçados.

Delimita o chão
A cerca

O que possue 
Em compasso
Em descompasso
Seu coração.

Muito mundo para pouca ocasião

terça-feira, 20 de agosto de 2019

O caminho


O caminho de casa
Não é o mesmo para casa
No mesmo paralelepípedo
Flutuo e tropeço
Vou de filha
Vou de mãe
Vou sozinha
Vou povoada
Pacientemente o tempo passa
(Ou ele fica e quem passa sou eu?)

Há palavras nos muros
Há palavras nos passos
Há silêncios nos olhos
Há silêncios no mundo

Lindezas de precipícios diários
Vistos com frio nas pernas
E coragem no coração

O caminho de casa
Não é um caminho

É a vontade.