quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Alma esculpida por Deus

Apesar de toda hipocrisia,
das maldades,
das mentiras e falsidades,
das palavras vazias
ainda que eu tenha chorado,
feito curativos,
engolido sapos
e desacreditado da sinceridade
tenho uma alma esculpida por Deus.
Olho ressabiada para o tropeço
sigo em frente.
Sacudo a poeira, lavo o rosto.
É verdade que não sou a mesma pessoa
- mas quem passa pelo fogo e permanece inalterado?




terça-feira, 25 de setembro de 2012

Jardim

Todos que me são caros sabem da minha paixão por flores.
Gosto das minúsculas, das caipiras e tímidas - são suaves e bravas, como devemos ser. Gosto de rosas, de cravos, de angélicas, de lírios de São José, de flores de mandacaru, de flor de maracujá.

Todos que são minhas flores sabem de mim.

No meu coração há um jardim,
canteiros enormes, sem começo, nem fim.
Em dias de tristeza,sempre encontro uma flor brotada dentre as pedras.




A felicidade e a paz

Talvez eu devesse abraçar mais
Expressar com atitudes
esse amor 
que flui dentro de mim.

O que importa
é a felicidade nos seus olhos
a paz do seu sorriso.

Penduro em meus lábios a atitude sincera
de quem ama.
Calo minhas ansiedades 
e abro minha alma.

Venha. Sentemos aqui.
Esses dias de céu azul limpam o espírito.


sábado, 22 de setembro de 2012

Felicidade em passos largos

Deponho meus olhos sobre sua face
Derramo amores e saudades em sua fragilidade
Coração partido - quer abraços.

Dou minha vida,
dou meus braços,
quero transformar em flor essa ferida aberta.

É certo:
a noite passa, o dia vem
Vamos olhar para a frente
seguir adiante.

Adiante, de mãos dadas
mesmo quando estivermos distantes.

Conte comigo
Eu conto histórias
Conto estrelas
Conto com sua felicidade
em seus passos largos.

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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Simplicidade

Porque a vida é uma só
eu olho nos seus olhos e sorrio
feliz em ver-te.

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domingo, 16 de setembro de 2012

O medo e eu

Medo é uma coisa estranha e ruim de sentir, embora seja um dos determinantes para a nossa sobrevivência e todo mundo já sentiu ou vai sentir. Eu tenho medo de velocidade, da possibilidade de que minhas filhas possam partir antes de mim, de não ter dito tudo quanto posso ou feito tudo quando devo.

O que importa é que pesando os prós e os contras decidimos arriscar atravessar a ponte estreita, permitir que o filho viaje sem a companhia dos pais, que as pernas façam caminhos estranhos, que a noite acalme o coração sobressaltado.

Fico imaginando que somos como sementes: pequenas, adormecidas, cientes da árvore que nos habita. Lançadas no seio da terra, ficamos assustados com o escuro, com a umidade, com a transformação que sabemos que vai ocorrer logo mais. Somos árvores desde a semente mas o céu imenso nos assombra...Aí um dia criamos coragem, rompemos a superfície, assumimos a responsabilidade de aninhar, sombrear e alimentar.

O medo que me habita também me impulsiona. Estou cheia de sementes. São coragem e dúvidas. Já sou uma árvore, às vezes sou exclusivamente primavera, outros dias inverno cinza e solitário. Tenho medo de que as estações não passem, que as flores não venham, que os frutos não vinguem. De repente, sou a menina sob aqueles galhos e a mulher que semeia a terra.

Talvez eu seja estranha ao medo. E vamos indo...

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sábado, 15 de setembro de 2012

Musgos

Sentinela do tempo
meus olhos abertos 
depositados nesse horizonte
tão perto
tão distante.

Musgos nascidos nos meus pés
na esperança de que eu torne-me 
a flor 
a cor da esperança.

Lápis comum
folha em branco
desenho um relógio
na menina dos meus olhos.

Ergo minhas armas
mãos e braços
bandeira branca
todo amor que há por aqui
em mim.

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Casa e botão

Meu amor é passageiro
dessa vida que brota dos nossos
braços abraçados noite adentro.
Misterioso esse sentir
esse saber de ti.

Para tua vida
é que faço feliz o meu sorriso.
Em toda imensidão que há 
somos casa e botão
E anseio todo dia
ter tuas mãos postas nas minhas.






sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Não faço poesia

O que eu sei da vida soprada pelo vento
é que ela invade as minhas narinas
e eu conto na minha respiração
as coisas que escondo nos meus sorrisos.

Somos mesmo assim
sossego e sofreguidão.
Não nos separamos
porque nossa ligação é invisível
e eterna até que o último suspiro
seja o segredo para a eternidade.

Os paralelepípedos andam fazendo-me esquecer
dos caminhos de terra batida.
É estranho reconhecer que sou eu
essa menina disfarçada de mulher
quando olho-me no espelho
e sei que o vento que me invade
é a brisa mais suave da minha infância
amadurecida.

Não faço poesia.
Ela já mora na folha em branco
nos anseios dos olhos postos em outros.
Ela invade minhas marinas:
Barcos e navios
com mensagens e passageiros
atracados, desembarcados
no pulsar das minhas marés e ventanias.

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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Quem pode mais do que Deus?

De repente, finjo ser assim,
percebo que há algo de errado
ao redor de mim
A despeito de todas as flores
que amo
sinto a presença da podridão
das más intenções

Faço o sinal da cruz
Quem pode mais do que Deus?


terça-feira, 11 de setembro de 2012

Olhos de céu

Uma florzinha bem pequena
que cabe na menina dos olhos
Torno-me sorriso para habitar-te
Eu sou amor para encantar as palavras
pescar a luz da lua
assobiar gentilezas
saídas de tuas mãos.


Uma poesia delicada
escrita no vazio de nossas mãos.

Estamos unidos
nessa estrada que nos separa.

Uma florzinha bem pequena
uma poesia delicada
um amor tão grande que não cabe em mim
- faço raiar o dia: olhos de céu.



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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Fuga

Fugidio, arredio, tímido
quase invisível
Traiçoeiro e encantador.
O tempo
Livre como o vento
Faz-me prisioneira
nos vidros dos relógios.

Temos mantido uma relação estranha
Ele passando por meu cabelos
enrugando minha face
Eu sussurrando ao seu ouvido
pedidos de prorrogação.

Leva meus planos
acompanha meu projetos
Serpenteia no meu leito
faz tudo parecer imperfeito.

Tenho fugido, sem sucesso,
dos seus abraços ao final do dia
quando me diz, mansamente,
que tudo finda e recomeça.

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sábado, 8 de setembro de 2012

De esperança

Quem sabe o que é saudade
sabe esparramar-se por todos os cantos
sem encontrar canto que lhe encante a alma.
Assim, pelo caminho,
recolhe todas as flores
e as deposita nas lápides
ou à mesa do jantar num vaso solitário
- o companheiro para o agora.

A lavanda, o doce de corte,
o passeio de mãos dadas,
os brinquedos no meio da sala,
os risos dentro do carro,
a cabeça no colo.
Roupas de gala de uma saudade apertada
dentro do peito.

Quem sabe o que é saudade
faz esperança brotar pelas horas que se arrastam.

A saudade é a esperança da alma.

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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Flores no deserto

O extraordinário é fazer brotar flores
no deserto
Dentro dos seus olhos, vi,
havia sementes,

O destino de quem viaja é a chegada
Extraordinário é que veja o caminho
que seja o vaso depositário de esperança.

Dentro dos seus olhos, vi,
havia desertos ainda.
A ordem era que as flores tremulassem
suas cores dentro daqueles canteiros solitários.

No caminho havia você
havia o deserto
haveria flores brotadas nos seus olhos.
Em breve.

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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Casulo e imensidão

Eu me importo com o vento nos cabelos
com as palavras mortas
com as verdades latentes
Finjo que não vejo os descasos
as mentiras vestidas de verdades incontestáveis
as escolhas erradas.

Sou eu quando me importo
Sou eu quando finjo
Sou eu a sacerdotisa do tempo
a mascate das vontades
o arbusto de folhas verdes num deserto imenso.

Sou mutante, sou metamorfose,
sou borboleta que se transforma em pó
lagarta que não cria asas
sombra no meio do dia
luz no meio da noite.

Surpreendente e previsível
eu me importo com o vento nos cabelos
com os pensamentos em novelos
- é verdade, eu sorrio quando deveria chorar
(casulo e imensidão entre o céu da boca e a janela dos olhos).