quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Uma flor e o aroma

Pensando em teus olhos lembrei de tuas mãos 
Conversas de beijos e eu te entreguei meus segredos
Não era pra não ser
Já começou com cheiro de eternidade 
E seu peito longe do meu é só saudade
Na minha cabeça só um refrão 
Fui feita pra você 
Encaixe perfeito
Uma flor e o aroma.     

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

O amor amanheceu o dia

No terreiro, anoitecendo, há flores exalando seu cheiro na noite .
Dentro de mim uma alegria de estar aqui onde estou
Meus olhos veem os insetos e as palavras não ditas - o silêncio das palavras anoiteceu o dia.
Inspiro. Agora há flores nos meus pulmões.
É noite lá fora.
E apenas começa o dia aqui no meu peito.
Os segredos maquinam a madrugada
Eu já sei para onde irei
No limoeiro também há flores (e abelhas)
Vou para lá.
Exalar amor.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Dentro e fora

Dentro e fora
O horizonte
O medo, a esperança
De salto, a dança
De pés descalços, o caminho
Nos umbrais do tempo
As brancas nuvens, as tempestades previstas, o cheiro do que não chega
Dentro e fora
O mundo afora, a hora agora
A rosa no quintal
A esperança nas promessas
As crianças que dormem tranquilas
Os adultos que anseiam descobrir-se crianças
Dentro e fora
Guardamos segredos
Mostramos os dedos
Escrevemos os enredos
Dentro e fora
Descobrimos quem somos nós
Escondemos que estamos sós
Pedimos amor, enterramos a dor
Dentro e fora
Cheiro de flor
Indefinidamente.

sábado, 5 de novembro de 2016

Pequena oração

Vejo em mim a bondade de Deus
Suas mãos agindo no meu dia
Suas palavras minorando os desconfortos
E acendendo a certeza do seu bem querer
Posso sentir sua mão 
Posso sentir seu amor
Sou como pétala de flor
Perfeita criação do Senhor
Tão pequena, tão forte
Feita de luz
Carrego nos olhos a verdade das palavras.
Grandioso é tudo que vem Dele
Com minha fé
Quero seguir o teu caminho,Senhor.

sábado, 8 de outubro de 2016

(Des)coberta

Agora é o presente.
Já foi, virou passado
O agora de antes

E em todo tempo
O tempo fica e vai embora
Por ele somos
Por ele sumimos

Efêmero é uma palavra dolorosa
Só prazerosa para a dor que mora em meus olhos
Dor do mundo que existe lá fora.

O tempo fez aparecer uma mulher
Na criança que sou
Fez desaparecer amores
E plantar um ipê.

De mãos dadas vamos
Eu e o tempo
(Por vezes ele me arrasta)

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O doce ou a doçura

O doce está cozinhando. Mistura de leite e açúcar, modificado pela quentura do fogo. Nessa alquimia simples o açúcar se desmancha no leite, que na fervura transforma-se em doce.

Assim somos nós. Uns leite. Outros açúcar. Outros fogo. Na humildade de ser e de entregar-se à mudança fazemos das nossas próprias vidas contínua metamorfose.

Sem doação dos dons não há transformação. Devemos descobrir qual ingrediente da receita nós somos. Aceitar que precisamos dos outros para sermos diferentes, que agregar é fomento para novas oportunidades.

Talvez sejamos uma coisa somente. Ou possamos ser coisas diferentes, a depender da situação.

Eu mesma, sou leite, sou açúcar e sou fogo. Uma hora sou infinito, em outra o ponto final. Sou caminho, pegada e pé. Sou doçura e amargor. Sou sozinha e sou amor.

O cheiro do doce invade a sala. 

sábado, 27 de agosto de 2016

Crescer

Dói. 
Dói porque cortamos o vínculo 
E porque cortaram nossa carne 
Dói porque houve a partida
E porque demorará a chegada
Dói porque nos negamos abraços 
E porque recebemos inverdades
Dói porque anoiteceu e estamos sós 
E porque a manhã já chegou
e ainda estamos sós 
Dói porque temos medo
E não achamos respostas.
Dói.
Porque crescer estica o coração. 


quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Sobre raiz e amor

Dentro do meu peito todo amor que cabe numa árvore de muitos anos
Raiz e flor, tudo misturado nessa vida de arrebol vermelho no final de um dia quente
Quente, derretido, beijo com gosto de amanhecer balançado na rede
No meu corpo, almíscar de quem se entrega e recebe a vida
Entrelaço meus braços no teu peito, olhos fechados, já antevejo a felicidade da noite estrelada
Guardo e entrego tudo que somos, unidos todos os dias.
Tenho certeza de que é amor quando nos debruçamos por sobre nós mesmos e inspiramos nossos cheiros, deixando ao redor o que é nosso centro: infinito reencontro.

terça-feira, 19 de julho de 2016

É(terno)

Eu estou contigo
Do teu lado, de mãos dadas
Coração entrelaçado 
Tenho todo amor que cabe numa vida inteira
Poucas palavras para contar de um encontro que se deu um dia desses e se dará até que sejamos apenas luz.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

De tudo

Uma hora a gente aprende para que veio
Ser pedra, apoio, ponte, sorriso
Flor do campo, humilde
Caminho, pés, sol nascente, sol poente
Professor, aprendiz,
Todo ouvido, letra de canção.
Da sensibilidade de ser porta ou janela
tendo olhos fixos no horizonte
Fazer de si extensão do outro
e plantar no outro semente germinada.
Uma oração no fim do dia para agradecer desde o início
Olhos de lua para o amanhecer.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

No sertão

Não quero avesso, tropeço, desmantelo
Aperreio, saudade, nem soluço
Quero uma rede, um chamego,
Sossego, bem querência,
Cochilo no balançado da noite.
Na soleira da porta o desejo de ficar
No debruçado da janela a saudade do partir
A gente se derrama pelos canteiros
Como semente de girassol
E suspiro de colibri.
E é só de amor a cantiga que canta a lua,
matreira e alcoviteira, no alumiar desse enlace de toda hora.

domingo, 5 de junho de 2016

(in)Finito

O tempo não sabe de si
Infinito, sem conhecer horizonte que lhe caiba
Pela janela, pensa a flor que nasceu para o amor
Completam-se seus dias e fenecem pétalas e espinhos 
Não era para o amor, era para ser somente flor.
Tempo. Tempo. Tempo. Tempo.
Contando nos ponteiros fica perto, fica distante.
Nas minhas veias, e nos rios do mundo, a contagem finita de todo arrebol a que nos destinaram .

sexta-feira, 3 de junho de 2016

O amor

Chama de vela acesa
Desenho de flor no canto da folha
No caderno, seu nome e meu querer
O horizonte na janela
A imensidão no peito
Como pode o amor residir no meu corpo e no mundo inteiro?
Cores e redes a balançar meu desanuviado pensamento
As promessas de amar, como teias encantadoras repletas do orvalho alvorecido
Por dentro e por fora, encharcada de amor.


quarta-feira, 1 de junho de 2016

Colheita

Uma hora deixamos de lado os pequenos entraves, os grandes orgulhos, as perguntas bobas. Deixamos de lado porque percebemos que tudo que adveio dessas atitudes não fez diferença em nossa vida.

Dói crescer. Uma dor constante em ter que sair da casca que não nos cabe mais. Uma laceração no peito por deixar para trás o que não nos eleva (porque não nos ajuda mas às vezes é tão bom). Mas ao mesmo tempo em que estamos doloridos, estamos também diante do novo, que serve como bálsamo e incentivo para deixar sair novas folhas.

Escolher crescer nunca é fácil porém revela nossa capacidade de adaptação e nos oportuniza a seletividade. No meu terreno só o que frutifica fica. Para que isso aconteça talvez sejam necessários muitos nãos até que valha a pena dizer sim.

Coloquemos na bolsa a vontade de viver e na alma um ouvido atento e um coração disponível. Ramos apontando para o céu. Sigamos.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Das dúvidas e certezas

Lembro quando era projeto
Quando eu não tinha certeza do que era
Lembro do coração saltando e de bochechas rosadas
Da ansiedade de sentir os olhos e ouvir o ronco do carro, de ver sorrisos
Nada era meu, mas eu sentia que seria (tinha que ser, estava escrito)
Aí fiz pedidos para esquecer, para convencer, para dar certo, para afastar, para confirmar.
Chegou uma noite de beijos e abraços
E depois uma vida inteira de pedaços, recortes, inteirezas.
Na linha do tempo, alianças e cheiro de amor no travesseiro.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Promessas

Estou ao teu lado
Em mim você também está
Do lado de dentro
Com teu cheiro posso sentir o horizonte desenhado no colchão de nossa cama
E respirando vagarosamente vigio os teus olhos fechados, é noite.
No amor raia o dia, céu azul com teus olhos abertos.
Eu te prometo meus espaços e minhas palavras.
Entrego-me aos teus abraços. Promessas de velhice nos meus braços, as tuas.
Promessas antigas essas do nosso bem querer.

A graça

Deixai o dia amanhecer por dentro de tua alma
Ouvi o murmúrio do rio perene que a vida faz correr em ti
Abandonai os maus hábitos e abraçai os desejos de felicidade e partilha
Vede, há flores do campo nos canteiros da rua e passarinhos no telhado da tua casa.
O tempo todo Deus é bom.
Deixai-vos alcançar pela graça.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Sobre o amor

Que há dentro do peito
Que não caiba nos olhos
E não transborde em abraços?
De nossas raízes brotam dias de amor
E galhos onde vêm pousar os passarinhos
Pela janela vemos o tempo passar
E em nossos peitos 
Onde cabem mãos, olhos
Saudades e amor
Encostamos nossas cabeças 
Para contar segredos e suspirar baixinho.


terça-feira, 24 de maio de 2016

O que me move

Debruçada na janela da alma
Sentindo pulsar todo amor que tive
sentido, acolhido, somado
denegrido, mal entendido, dispensado
Amor robusto e amadurecido ora está 
Sempre menino, nunca chega a ser adulto
Esperançoso. Melancólico. Feliz. 
Entranhado por debaixo das unhas, nas palmas das mãos
Pela janela, olhos, sonhos
Amor, muito amor
(que me move e me nutre)

sábado, 21 de maio de 2016

Acredito

Eu espero o bom tempo
Acredito em poetas e santos
Acho mais sentido em plantar do que em simplesmente colher
Sinto o cheiro dos jasmins e agradeço pelo dia
O otimismo e a fé me põem de pé e pronta para a esquina, para o tropeço, para o amargor, para a ausência e o escuro.
De poemas e orações estão cheios meus olhos e minhas mãos.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

O leito

No leito
As folhas
As falhas
As falas
O rio
Eu rio
Ao ver-te ali
E aqui por dentro de mim
Conto uma história
Conto estrelas
Com medo de que me venham verrugas nas pontas dos dedos
Canto bem alto
Seguro suas mãos
Fico assim, sem rumo e sabendo a direção
Respirando suave na tua nuca desnuda
Aguardando nuvens e formigas
Que são coisas cheias de poesia.
No leito
Lençóis
Corpos
Silêncios
Sussurros
Derramamento de amor
Que é ocaso e despertar da criação.
Criaturas. Nós. Os leitos. A escuridão. O amanhecer.
A eternidade entrelaçada de nossas urgências.
No leito. Escorro,  percorro, ergo e desmantelo.
Sou rio. Sorrio. E sigo.