segunda-feira, 27 de junho de 2011

Entre estas linhas

Preciso de uma fogueira que me esquente a alma, os pensamentos, a frieza das tristezas diárias.
Não sou triste, até pelo contrário. Os contrários, os reveses é que se avizinham e se apoderam como as ervas daninhas na horta verdejante.
Encontrar nos olhos de outrora a minha criação - é possível que eu tenha me perdido de ti, completamente? As perguntas não calam e não têm respostas.
Paralelepípedos no caminho: ouçam-me e traduzam-me pois que as antigas palavras não as sei usar agora.
Letras escorridas. Idéias embebidas no cheiro saudoso de lavanda.
Entre estas linhas, eu e você. Mais você.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Algodão, pelúcia e jujuba

Quis acreditar
Nuvens de algodão e mato macio feito pelúcia
Cresci dentro de mim
Dor maior...
Fora, além da cerca havia flores e besouros
e meus olhos insistindo em querer o que não havia.
Olhar infantil diante da rosa
Que encanta - é prosa
Nos espinhos residia a beleza - eu só sentia o perfume
A pequena cicatriz?
Que me importava, se eu tinha a beleza, a sutileza?
Quis acreditar e fiz da rosa um buquê
E dos espinhos suspiro
e da ilusão quadro mental.
Nem gosto de jujuba mas - tão lindas e coloridas -
usei-as no caminho em que retorno ao lembrar-me adulta.

sábado, 11 de junho de 2011

Flor de lis

Queria te dizer, mas não disse e sei que se leres, saberás que é para ti.
Para ti minhas orações, minhas preocupações
Em ti, penso quando desperto, quanto estás por perto ou quando de longe nem posso te encontrar.
Sendo tu uma flor, recordo-me quando eras semente,
-Flor de lis, me dizes.
Flor de sol, girassol nos teu cabelos
Flor de lua, pensamentos de tu ires pé ante pé lá adiante onde guardamos nossa cumplicidade.
Não sentes saudades?
Bobagem. Melhor assim.
Melhor um que dois, em alguns casos.
Queria te ouvir.
Só a luz entra pela janela.



sexta-feira, 10 de junho de 2011

Saudade

Um beliscão na boca do estômago, um tremor interno, a perna que teima em balançar sozinha. Desassossego. Estas são minhas associações para a ausência centrada de mim mesma. Costumo nas minhas aflições 'debulhar' o terço. É como se eu estivesse depositando tudo o que me aflige na cestinha de Nossa Senhora e ela, levando Aquele que tudo sabe, aliviasse aquele aperto da minha alma. De pouquinho vem o sono, vem a certeza de que nas mãos Dele estou.

Quando minhas filhas eram bem menores rezávamos juntas, à noite, o Santo Anjo. Fomos, também juntas, acrescentando umas palavras de agradecimento ao final da oração. Sinto uma saudade sem tamanho de quando dormiam as três no mesmo ambiente. Finjo que não há cama vazia quando adentro o quarto...

Maciel Melo canta uma música com Xangai que tem um trechinho assim: podem voar que eu sou a outra asa de vocês. E é assim: criamos os filhos para o mundo. Saem do ninho, batem as asas, alçam vôo. Por força de seu empenho e da orientação recebida, traçam novos rumos. Causam-nos aflição por termos tão grande afeição.

Mato um pouquinho da minha saudade fechando os olhos e vendo três cabecinhas loiras, com suas camisolas, bichinhos de pelúcia, chupetas e fraldinhas. Ouço-as rezar:

"Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou, a piedade divina, sempre me rege, me guarde, me governe, me ilumine, amém!
Anjinho, obrigada por meu papai, por minha mamãe, por minha família, por minhas irmãs. Obrigada por ter casa, por ter comida, por ter uma cama quentinha para dormir. Obrigada por as minhas roupas, meus sapatos e meus brinquedos. Obrigada por a minha escola, meus professores e meus colegas. Obrigada por tudo de bom que acontece comigo. Meu Jesus e meu anijnho, ensinai-nos a ajudar àqueles que precisam de mim e olhai por as criancinhas pobres - para que não falte alimento em sua mesa. Bença Papai do Céu, bença Mamãe do Céu e bença José. Pelo sinal da santa cruz, livrai-nos Deus, nosso Senhor, dos nossos inimigos. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém."

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Iscrivinhação

Chamboqueiro. Você sabe o que é? Se sabe é da minha região, se não sabe, aprende agora: é uma pessoa que tem as feições grosseiras - um nariz de pipoca, que não é afilado, um beiço virado...

Essas palavrinhas regionais são minha fascinação. Acho que são arretadas! Reflexo de nossa cultura, herança que recebemos e repassamos. E quando em vez aprendo uma nova. A de ontem: bisonho.

No final da tarde, conversando entre uma das mil atividades a fazer, diz meu amigo: - fulano é bisonho. Digo logo, que raio da mulesta de palavra é essa? E lá vem a explicação: é um cara amufinado, sem atitude ou que faz as coisas erradas.

Sou do interior de Pernambuco e acho bom demais! Nada contra os praceanos da capital ou de outros estados, países e blá, blá, blá. Mas pode crer, dizer oxe, visse, pitôco, batente, chamar o que não presta de peba, fazer munganga, ter amigo cheio de pantim e outras palavrinhas que você pode encontrar no endereço SÓ QUEM É PERNAMBUCANO ENTENDE, me deixa toda fofa.

Na minha bolsa tenho uma agendinha. Tenho anotado nossos regionalismos: atinhar, aperrear, barrufado, biliro, encafifado, escalafobético, estambocado, embira, esquipar, furibundo, fuá, irronhar, mocorongo, macambúzio, muzenga, pereba, triscar, xumbrega. Sei que você que me lê sabe mais. Enriqueça meu dicionário e me mande mais palavras!

Quer morrer, bestafera?

Sábado à noite. Vamos jantar fora? Entramos no carro e primeiro demos uma passeada, para não dizer que estávamos sem saber onde era o restaurante proposto... Em seguida decidimos voltar para Boa Viagem e irmos para a Jodie´s mesmo, comermos a "Supreme" ( que é o que pedimos toda vez!).

Antes de chegarmos ao nosso destino final, apareceu, do nada, um rapaz saído de trás daquelas árvores que ficam no canteiro central. Tomamos um susto! Meu sobrinho gritou: quer morrer, bestafera!?

Dei uma risada na hora. Ele vociferou o meu susto.

Assim, muitas vezes, todos os dias, alguém deveria gritar aos ouvidos, que desavisadamente dão uns passinhos bem perto do abismo, palavras de alerta.

Quer morrer, bestafera?
Não fume. Não simboliza nem mesmo o status de outrora. Hoje em dia parece mais que o fumante é um alienado que desconsidera os avisos sobre os malefícios da nicotina, do alcatrão e de todos os outros mais de dois mil quatrocentos componentes do cigarro.

Faça o exame preventivo - Papanicolau, se for mulher. De próstata, se for homem. Não esqueça de fazer a mamografia. Não desconsidere achados 'esquisitos' em seu corpo. Não se auto-medique.

A idade é fator determinante para muita coisas - uma delas não é a ignorância. A ignorância mata. Procure não ser um ignorante aos 15, aos 20, aos 30, aos 60...

E sim! Olhe para os lados ao atravessar a rua. Olhe para os lados para escolher quem lhe acompanha. Considere seus passos uma marcação, uma escolha de alternativas.