domingo, 13 de setembro de 2020

Tomatinhos

Atrás de casa, na fazenda, nasceram vários pezinhos de tomate cereja. Não foram plantados, regados ou cuidados por nós. 


Estão lá. Uma maçaroca de folhas e pés emaranhados. Se você não conhece um tomateiro, passa por ele e não sabe como são bons seus frutinhos.

De longe não dá para ver os pontinhos vermelhos, pendurados, oferta do que ele sabe fazer. Dar tomates.

Mais de perto, levantando suas folhas, se dão em cachinhos.

Somos assim também nós.

Criados à imagem e semelhança. Somos tomatinhos que brotam no meio de farta folhagem. Mas é preciso que sejamos vistos, descobertos. É preciso também que estejamos dispostos a nos deixar descobrir.

Deus nos soprou o sopro da vida. Somos sementes que viemos para frutificar, falar desse amor infinito que nos habita.

Se o nosso terreno se mostrou mais fértil e o terreno de nosso irmão é árido podemos nos transformar em jardineiros, agricultores. Sim! Para nós é possível essa mudança. Passarmos de fruto para semeadores.

Não escondamos nossos talentos. Somos a própria boa nova, somos o evangelho vivo. Levemos a quem não sabe, a quem não conhece.

Não é preciso mais que vida. Estendamos nossos galhos, nossas mãos!

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Tempo que não volta

Fazemos rascunhos de alguns dias

Passam por nós, passamos por eles

Coração alvissareiro por grandes feitos

despreza a nuvem com forma de leão,

passando no céu

Agarradas aos meus cílios, imagens de ontem

Inscritas nas minhas letras, palavras não ditas

No final daquelas horas, bola amassada de tempo que não volta

Chance de passar a limpo 

(enquanto há janelas, vontade e esperança)

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Intervalo

Há pedras e parcas memórias 
Nas noites escorridas dos olhos fechados
Abundantes vontades de futuros.
Não esquecemos os caminhos
Mas estamos descalços e feridos
Nas mãos as sementes de músicas dormentes
Nos pés as danças enamoradas da vida
Penumbras e vislumbres
Janelas e paredes
Revelações e esconderijos 
Desejo de vida 
Em meio aos silêncios das despedidas
Há pedras e parcas memórias 
Nas lápides, as ausências 
Aquiescência de horizontes jamais avistados.
É noite. 
Mas a madrugada avisa que vem o dia.
Não há como impedir.
Por entre as pedras há de brotar flores.