quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Lua sertaneja

Somos tão iguais
e tão diferentes
a lua no céu pendurada
eu esparramada nessas folhas
de papel sem pauta.
Brancas, repletas de sonhos alheios
corações abertos em crateras
o meu doído de saudades
o dela minguando mais uma vez.
Das poesias secretas
roubou-me versos de amor
Declarou-se pela madrugada afora
com meus olhos métricos
miméticos.
Estamos cheias de solidões e pejo
a lua solitária no céu do sertão
a minh'alma reticente a declamar versos.


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Todo José e toda Maria

Permita-se ser manjedoura
ser templo
e sacrário.
Natal é todo dia
é festa para todo José e toda Maria.





sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Entardecer

Se põe o sol
escurecendo a tarde das vidas
tantas já postas no alvorecer dos dias.
Meditando ficam as nuvens
ficam os pássaros
ficam as folhas e as flores
fico eu no esmaecer do tempo.
Posto o sol
posto meus olhos nas coisas reveladas por minha alma,
disponho sentimentos nessas prateleiras das minhas noites.
Dormentes e trilhos
que descobri grilhões.
Desejo de água por debaixo da ponte
de água brotada de fontes e frontes.
A liberdade é líquida
a escuridão é hora marcada
a sofreguidão da busca finda com a alegria do encontro.


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Fênix

Coisas que machucaram.
Palavras duras, lembranças doloridas.
Como escondermo-nos se estamos todo tempo diante do espelho?
Desejo de fênix
ressurgida das cinzas
(das coisas que queimei)
junto com olhos e palavras.
Ser pássaro brotado de antigas asas
porque o céu é o mesmo
mas as promessas e os projetos
são sempre outros.

Endereço da imagem


Caravelas no sertão

Eram duas caravelas
velas içadas
para os ventos do sertão
Sabiam bem onde iam
mas eram meninos
Singravam castelos
marujos de uma história de amor.
Eram dois rios
a caminho do mar
e se encontraram muito antes
de desaguar.
Tanta poesia,
tanto céu, tantas promessas
Confessaram eternidades
prometeram verdades.
Eram duas caravelas
velas içadas
cordas e nós.


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Passagem e luz

Esta dor, quando deixará de latejar?
Toda ausência quando se transformará apenas em suave presença?

Pequena e insegura
nestes caminhos de rio indo para o mar
perguntava onde estão os olhos miúdos
que costumavam me fitar?

A noite escura há de passar
segreda a madrugada que devora aquelas lágrimas.

De joelhos, pede misericórdia.
Pela janela sopra brisa suave.
O próprio Deus empresta ao tempo o remédio para as feridas.

Eram todos passagem e luz.

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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Superficialidades

Não falei sobre mim
Rimos de bobagens
Imaginamos o tempo para o final da tarde
Superficialidades.
Eu sabia de todo aquele movimento
as manobras, as derrotas,
a vontade de mudar o mundo,
o choro no travesseiro.
Abri meus olhos e meus braços
Um passo à frente
Abraçamo-nos cientes do mundo
ciosos de tempo
No fim, misturados,
continuamos nossos silêncios separados.


domingo, 9 de dezembro de 2012

Ocaso

Há no horizonte a promessa de um novo dia
o corpo diz da noite que chega
e respira o sol da outra manhã.
Cíclico, cheio das palavras guardadas,
dos abraços retidos,
das dores da alma
entre um nascer e um por do sol
ouço ritmado o meu coração
ansioso por coisas novas
saudoso das coisas antigas.
No silêncio
desfaço um varal de roupas
com quinze fios de nylon.
Com meus dedos ocupados
vejo os gaviões voando do ninho
para a árvore.
Ouço-os
sem compreendê-los
(minha voz é um piar de pássaro?).
Há no horizonte um derramar-se de tempo
uma fleuma que só pertence às coisas etéreas.
Em mim, o que há?
Desejo de eternidade e contemplação.


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Navegantes

Remos...
Um barco que singra
asfalto. jardins e desertos
Nossos pés
parceiros
Nossas mãos confidentes
Senhores da história
escrita
com silêncios e luzes.
Hoje grito por cima dos telhados
o amor habita em mim
e em ti deposito-me sem fim.