domingo, 9 de dezembro de 2012

Ocaso

Há no horizonte a promessa de um novo dia
o corpo diz da noite que chega
e respira o sol da outra manhã.
Cíclico, cheio das palavras guardadas,
dos abraços retidos,
das dores da alma
entre um nascer e um por do sol
ouço ritmado o meu coração
ansioso por coisas novas
saudoso das coisas antigas.
No silêncio
desfaço um varal de roupas
com quinze fios de nylon.
Com meus dedos ocupados
vejo os gaviões voando do ninho
para a árvore.
Ouço-os
sem compreendê-los
(minha voz é um piar de pássaro?).
Há no horizonte um derramar-se de tempo
uma fleuma que só pertence às coisas etéreas.
Em mim, o que há?
Desejo de eternidade e contemplação.