terça-feira, 30 de abril de 2013

Número um


Eram poucos seus desejos
- enumeráveis.
Todos brotando dos seus olhos amorosos.
No final da noite, na cama, mãos dadas.
Às vezes esse era o número um.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Confidente

Se o meu coração é pequeno?
Ah! Gigante de desejos, repleto da ânsia de ser feliz
da vontade dos que creem mesmo deitados no pó.
Somos confidentes
e na verdade ele confia mais em mim
do que meus olhos dizem e minhas mãos escrevem.
Se eu sou pequena?
Perguntem para o meu coração!

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Maresia

Estou preparada para receber-te
corpo perfumado e alma ansiosa
Em meus olhos, retinas e teus retratos.

Seremos mar e mar
balanço de ondas
espumas na areia
nossas pegadas
nossas mãos dadas.

Vem logo no entardecer do dia
vem acabar com essa agonia de saudade.

Nos canteiros

Tenho uma rosa no meu coração
cheia de si, cheia de mim
com espinhos e maciez
como convém aos que vivem por aqui.

Partituras e segredos de luz
agruras e desveladas verdades
pétalas, paredes e vãos.

Ofereço botões, olhos e mãos
jardineira de canteiros alheios e meus.
Tenho uma rosa no meu coração.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Amar(rimar)

Uma quadra! - disse o poeta
Eu tentei antes de prosseguir
escrever do amor que tenho
em verso metrificado
mas as palavras se escondem nos lençóis
as rimas desmancham-se nas saudades de que sou feita.

Discorro sobre os olhos postos em mim
sobre as mãos consagradas ao meu coração
sobre derramar-me inteira nesse querer bem.

Não sei rimar. Só amar.



quarta-feira, 10 de abril de 2013

Metamorfoseando

Se de repente eu partir
virando estrela ou flor
serei ainda eu
plantando sementes de amor.

Papel em branco

ela sabia como fazer e tinha certezas cheias de dúvidas. era uma alma colorida com olhos anuviados e cinzas dos caminhos da vida. ciente das cercas, das cercanias, tinha uma coração pungente e uma esperança muda de que tudo no final haveria de dar certo.

o mormaço das horas amolecia-lhe os olhos e todas aquelas letras indizíveis se apoderavam dos seus sentidos. nesses momentos sentia seu corpo nu como uma folha de papel em branco: tragam-me um vestido ou um verso, urgentemente! era preciso o horizonte das horas, mas era infindo o seu desejo de deleitar-se com as pessoas (e coisas) que amava.

curto espaço de tempo entre despertar e adormecer. as flores dos seus pulsos insistiam em lembrá-la do entardecer. era cedo ainda, por detrás do seu coração sentia o odor da noite. novas promessas. olhos fechados. ela tinha dúvidas mas insistia nas certezas.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Abraço

Pisei em falso
corri procurando por mim naquelas ruas
confusa e incerta
eu era toda luz
era pedra de edificação
era tropeço nas esquinas do meu coração.
Sem querer 
eu ficava pequena
Sem poder
eu queria ser pequena.
Caí por terra
junto com as minhas certezas.

Descalça
Despida
Querendo só abraço.

É saudade

Saudade não é vazio
- fico cheia de amor quando penso em você.

Uma coisa estranha 
estar cheia de ausências
e cheiros.

Saudade são as certezas do que ficou
do que me formou
e me abraçou
e me disse em palavras entrecortadas 
e beijos entre os lençóis
que toda aquela dança e cortejo eram amor.

Sendo saudade sou seu amor
Sendo você o meu amor
sinto saudade.
Já é tarde. É quase madrugada.
O seu lugar cheira a flor.

Endereço da imagem

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Dores do mundo

Como fazer com as dores do mundo?
Entristecem-se olhos e corações
e nada, nada que se faça
- tantas vezes -
pode curar uma dor na alma.

Aos pés de Jesus clamar
que a ferida seja logo cicatriz
que o dia irrompa com a aurora
e a escuridão se transforme em caminho iluminado.


quarta-feira, 3 de abril de 2013

Eternamente

eu não sabia que era amor
mas era
e antes de ser tua
eu já era.

simples e certo assim
sem enfeite
porque toda rima que havia
já era desde sempre.

Endereço da imagem

terça-feira, 2 de abril de 2013

Ponta da rama



eu pensei um dia ser raiz
mas a vida me fez flor
sou flor dependurada nas janelas
deposta em vasos
brotada no canteiros
escondida entre espinhos
perfumada no fim da tarde
sou a ponta da rama

não sustento
dou alento
ofereço apenas o que sou
em pétalas silenciosas
ora derramadas e maceradas no solo
ora ornato de altar e felicidades