quarta-feira, 10 de abril de 2013

Papel em branco

ela sabia como fazer e tinha certezas cheias de dúvidas. era uma alma colorida com olhos anuviados e cinzas dos caminhos da vida. ciente das cercas, das cercanias, tinha uma coração pungente e uma esperança muda de que tudo no final haveria de dar certo.

o mormaço das horas amolecia-lhe os olhos e todas aquelas letras indizíveis se apoderavam dos seus sentidos. nesses momentos sentia seu corpo nu como uma folha de papel em branco: tragam-me um vestido ou um verso, urgentemente! era preciso o horizonte das horas, mas era infindo o seu desejo de deleitar-se com as pessoas (e coisas) que amava.

curto espaço de tempo entre despertar e adormecer. as flores dos seus pulsos insistiam em lembrá-la do entardecer. era cedo ainda, por detrás do seu coração sentia o odor da noite. novas promessas. olhos fechados. ela tinha dúvidas mas insistia nas certezas.