quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Lua sertaneja

Somos tão iguais
e tão diferentes
a lua no céu pendurada
eu esparramada nessas folhas
de papel sem pauta.
Brancas, repletas de sonhos alheios
corações abertos em crateras
o meu doído de saudades
o dela minguando mais uma vez.
Das poesias secretas
roubou-me versos de amor
Declarou-se pela madrugada afora
com meus olhos métricos
miméticos.
Estamos cheias de solidões e pejo
a lua solitária no céu do sertão
a minh'alma reticente a declamar versos.


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Todo José e toda Maria

Permita-se ser manjedoura
ser templo
e sacrário.
Natal é todo dia
é festa para todo José e toda Maria.





sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Entardecer

Se põe o sol
escurecendo a tarde das vidas
tantas já postas no alvorecer dos dias.
Meditando ficam as nuvens
ficam os pássaros
ficam as folhas e as flores
fico eu no esmaecer do tempo.
Posto o sol
posto meus olhos nas coisas reveladas por minha alma,
disponho sentimentos nessas prateleiras das minhas noites.
Dormentes e trilhos
que descobri grilhões.
Desejo de água por debaixo da ponte
de água brotada de fontes e frontes.
A liberdade é líquida
a escuridão é hora marcada
a sofreguidão da busca finda com a alegria do encontro.


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Fênix

Coisas que machucaram.
Palavras duras, lembranças doloridas.
Como escondermo-nos se estamos todo tempo diante do espelho?
Desejo de fênix
ressurgida das cinzas
(das coisas que queimei)
junto com olhos e palavras.
Ser pássaro brotado de antigas asas
porque o céu é o mesmo
mas as promessas e os projetos
são sempre outros.

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Caravelas no sertão

Eram duas caravelas
velas içadas
para os ventos do sertão
Sabiam bem onde iam
mas eram meninos
Singravam castelos
marujos de uma história de amor.
Eram dois rios
a caminho do mar
e se encontraram muito antes
de desaguar.
Tanta poesia,
tanto céu, tantas promessas
Confessaram eternidades
prometeram verdades.
Eram duas caravelas
velas içadas
cordas e nós.


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Passagem e luz

Esta dor, quando deixará de latejar?
Toda ausência quando se transformará apenas em suave presença?

Pequena e insegura
nestes caminhos de rio indo para o mar
perguntava onde estão os olhos miúdos
que costumavam me fitar?

A noite escura há de passar
segreda a madrugada que devora aquelas lágrimas.

De joelhos, pede misericórdia.
Pela janela sopra brisa suave.
O próprio Deus empresta ao tempo o remédio para as feridas.

Eram todos passagem e luz.

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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Superficialidades

Não falei sobre mim
Rimos de bobagens
Imaginamos o tempo para o final da tarde
Superficialidades.
Eu sabia de todo aquele movimento
as manobras, as derrotas,
a vontade de mudar o mundo,
o choro no travesseiro.
Abri meus olhos e meus braços
Um passo à frente
Abraçamo-nos cientes do mundo
ciosos de tempo
No fim, misturados,
continuamos nossos silêncios separados.


domingo, 9 de dezembro de 2012

Ocaso

Há no horizonte a promessa de um novo dia
o corpo diz da noite que chega
e respira o sol da outra manhã.
Cíclico, cheio das palavras guardadas,
dos abraços retidos,
das dores da alma
entre um nascer e um por do sol
ouço ritmado o meu coração
ansioso por coisas novas
saudoso das coisas antigas.
No silêncio
desfaço um varal de roupas
com quinze fios de nylon.
Com meus dedos ocupados
vejo os gaviões voando do ninho
para a árvore.
Ouço-os
sem compreendê-los
(minha voz é um piar de pássaro?).
Há no horizonte um derramar-se de tempo
uma fleuma que só pertence às coisas etéreas.
Em mim, o que há?
Desejo de eternidade e contemplação.


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Navegantes

Remos...
Um barco que singra
asfalto. jardins e desertos
Nossos pés
parceiros
Nossas mãos confidentes
Senhores da história
escrita
com silêncios e luzes.
Hoje grito por cima dos telhados
o amor habita em mim
e em ti deposito-me sem fim.




sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Olhos de céu

Para te agradar, amor:
cheiro de lavanda no cobertor
e toda minha alma colorida e com cheiro de flor.

No final do dia
enroscar-me no teu corpo
Saber que teu lugar é junto de mim.

Não há soneto que console meu peito:
abro as portas, as janelas
espero teus olhos de céu
irromperem minhas saudades.


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Bem me quer

Bem me quer?
Eu te quero flor e luz
Bem me quer?
Eu te quero, meu bem
No meu colo
do meu lado.
Bem, me queira
que eu te amo.



Em tua direção

Te abraço
numa promessa de infinito
Sinto seus braços ao redor de mim
- laços
Te prometo boca e caminhos
Sussurro amores.
Ser tua está escrito nos meus passos
- vou indo em tua direção.

Complemento

Não somos metades.
Inteiros assim, você estrada e eu jardim,
vamos lado a lado.
Floresço nos dias de felicidade
espero nas tempestades.
Na aspereza do passo
descortinamos horizontes
e vamos
eu semeando
você margeando.
Somos o som e o silêncio
o aceno e o reencontro
Partimos sem jamais deixar o outro.
Nos canteiros as promessas de primavera
nos retrovisores o caminho de casa.
Somos a promessa que se cumpre:
amor para sempre.



terça-feira, 27 de novembro de 2012

Imensuráveis

Essas saudades, assim no plural,
doem em medidas imensuráveis.
Dói o peito que pede o seu peito
o olho que anseia por suas mãos
as palavras caladas nesse silêncio solitário.

Volta logo.
Há flores plantadas no jardim
esperando abrir para a sua alma.
Vem.
Que estou envolta em brasas
em tristezas
em reticências.

Meus versos chamam por seu corpo:
vem deitar na rede
vem respirar entre meus cabelos.

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Vento

O vento sacode as folhas do pé de acácia
e espalha os seus segredos.
Caem por terra, adentram a minha casa,
vão para distante - num redemoinho.

O vento sacode meus cabelos 
e escondo meus segredos.
Guardo-os em meus poemas.
Quem os lê, sente-os em redemoinhos.

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domingo, 25 de novembro de 2012

De nuvens e miosótis

Vou de passagem
admiro as sombras projetadas nas serras distantes:
desenhos de nuvens brincando nesse verão.
Ensimesmada penso:
todo peso é pena se no passo há dança.
Sou confusa de mim
perdida dos outros
revelada nas cercas e espinhos.
Solto, prendo, corro, cavo
transpiro miosótis.
Meus suspiros sopram ventanias
trago nos seios amores e vazios.
Sou de passagem
Galho seco, raiz viçosa na terra cinza.
Sou planta de caatinga
espreito a chuva do horizonte
querendo florir minha alma.

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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Pueril

A gente já não era mais criança
tinha horário a cumprir
uma agenda cheia de letras importantes.
Qual o que?!
A melhor parte era quando a gente esquecia
que era quarta-feira e chupava picolé na praça.

Alô?
Chama a minha alma pueril?
Obrigada!
Só ela sabe como é difícil suportar a vida sem doces.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Partida

Se houvesse tempo
se eu pudesse só mais uma vez tomar em meus braços
aquele corpo agora inerte.
Entre os meus soluços e as minhas lágrimas
o silêncio da saudade.
Sei que um dia eu também irei
por esse caminho que ninguém conhece
que não há barganha.
Não há justiça ,
nem injustiça
na morte.
Há esse cheiro de lavanda,
de café, de amor,
na minha memória
e essas mãos postas
tornando tristes meus olhos alegres.
Coisas de que nem sei falar
Calo minha voz
para serenar minha alma.
Essa saudade há de virar passarinho.
Por enquanto arrasto árvores pelas trilhas.

De lá, de onde está me olhando,
sentirá meu padecer?

- para os que sentem a ausência dos que nunca deixam de estar presentes.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Interruptores e chaves

Apaguei as luzes
querendo apagar memórias
Esse rio que corre em mim
quando desaguará no mar?
A metáfora de transbordar
não cabe nos meus olhos
ora tristes.
Icem as velas
Soprem os ventos
Diminuam o açoite dessas palavras duras.
Dentro do armário
há gavetas com sementes
com promessas
com repentes.

Apaguei as luzes
(onde estão minhas chaves?).

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Língua estranha

A imensidão fora de mim
A solidão dentro de mim

De que me falam esses silêncios noturnos
essas luzes de manhãs amanhecidas antes mesmo
que meus olhos cansados tenham visto a mim mesma no espelho?

Língua estranha fala o tempo
mordaças no coração
marcadores de horas soluçando de saudades.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Aos quarenta

Tenho hoje quarenta anos. Quando tinha dezoito pensava que as amigas da minha mãe (e também ela) eram idosas - mulheres tão diferentes de mim!

Desses anos de juventude trago comigo uma miscelânea de fatos, amores, pessoas que me transformaram em mim. Continuo sendo crédula, esperando dos outros sempre o melhor - sou até infantil, às vezes. Fico infinitamente feliz em colocar meus pés na areia da praia, caminhar enfiando meus dedos na parte mais fofa que houver, permaneço encantada com a beleza das pequenas coisas.

Aos quarenta não preciso que me lembrem das agruras da vida, porque ela, a vida, já encaminhou para longe dos meus olhos pessoas maravilhosas e oportunidades ímpares. Tenho certeza de que tudo são estações e que se hoje meu coração sofre, amanhã pode alegrar-se.

Esse caminhar todo dia faz possível a flor, o espinho, o sossego, a tormenta. Faz do coração altar e punhal.

Posso comemorar a felicidade, sabendo-a efêmera. E chorar até os olhos ficarem inchados - essa dor também passará.

A relatividade das coisas, já aprendi. Descubro que talvez aos oitenta aquele coração ansioso e apaixonado dos dezoito ainda esteja contemporizando a vida que existe nos segundos de cada momento.

Desejo serenidade e sabedoria, saber discernir entre tolices e eternidades. Continuo aprendendo. Aos dezoito eu já sabia muita coisa, mas aos quarenta desconstruo minhas muralhas. Novos caminhos, novas conexões. Vida nova em antigos olhos de aprendiz.




Passagem

Coisas inebriantes:
flores da caatinga
espinhos tirados do pé.

Quando fui encontrar a vida
dei minhas mãos para o acaso.
E no caminho havia luz
ocaso
chegada
e partida.

Ao pé da cerca uma flor miúda e amarela
em meus pés espinhos do juazeiro.
Alento e tormento.

Coisas inebriantes:
flores nos cabelos
e espinhos nos dedos
Tudo passa. Tudo muda.
Mudo tudo: todo passo.


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Boa noite

O fim que rima com o sim
é final ou recomeço?
Porque, sim, se pereço
não floresço?
 - como as sementes?

Parece confuso
mudar de casca
criar asas
pular as brasas todas.
Quando penso que sou flor
sou nuvem
sou água
sou etéreo silêncio.

Eu não vou embora
só quero dar boa noite,
meus senhores e minhas senhoras.


domingo, 4 de novembro de 2012

Pedidos atendidos

Já quebrei a cara sim. Já caí e ralei meu joelho e minha alma. Fiquei desconfiada, ressabiada. Comprei um livrinho de oração, chorei aos pés da cruz, confessei minhas dores a ouvidos bondosos e pacientes. Já adormeci em lágrimas numa noite escura mas a vida entrou pela minha janela às cinco da manhã com o sol esquentando meus pés.

Sou positiva, otimista, filha de um Deus vivo e maravilhoso. Pode ser difícil levantar pela manhã, enfrentar pequenos medos, dar grande passos, decidir pelo contrário, enxugar prantos. Mas quem foi que disse que viver é fácil?

E que venham as tempestades e as bonanças. Ora fecho as janelas e aparo os pingos das goteiras, ora abro a janela e balanço meu corpo leve na rede.

Alma flexível. Sabedoria do sim e do não. Paciência. Temperança. É isso aí: peço a Deus coisas que ele me dá (de formas estranhas às vezes). A verdade é que nossa parceria é maravilhosa. Eu quebro e Ele remenda, emenda, restaura. Deus de minha alma. Minha calma.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Alma de criança

Ai que saudades da minha infância
do não saber das agruras do mundo
do correr atrás da bola
do deitar-me à luz do sol
do temer encher-me de verrugas por contar estrelas.
Saudades do meu coração leve
do meu pé no chão
do meu peito sem vestido
do meu joelho esfolado
da minha alma inteira e crente.
Não é saudade de ser criança
é uma vontade de querer deixar-me ser
diferente do que sou agora.


quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Oração

A minha tristeza seja passageira
Sejam os meus olhos atentos para a vida
desenhada no pôr-do-sol
e no raiar do dia.
Esteja o meu coração disposto a recomeçar
mesmo depois de doer e sangrar.
Suspire a minha alma pelos odores de Deus
nas tormentas e em tempos de bonança.
A minha alegria seja a marca do meu ser
em tempos difíceis seja a reserva
para o inverno a atravessar.
Amém!


terça-feira, 30 de outubro de 2012

Enamorada

Tropecei nos meus passos
Meu coração já não era meu
Dei o que em mim havia de melhor
Era primavera.

Naquelas flores havia todo silêncio contemplativo do meu amor.

Era outubro na primeira vez
recordo que ardia minha alma
derramada dentro dos seus olhos.

Não havia mistério
eu também transformara-me em flor.


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Enraizada

A gente se encontra por aí
porque, como no ditado,
o mundo é redondo,
não é quadrado.
Talvez não haja cumprimentos,
euforia, até mesmo alegria
em rever-nos.

De minha parte:
reticências.
Um coração acostumado a amor
não sabe receber menos do que isso.

Ofereço a minha face
para que veja minhas raízes.
Suas palavras e atitudes
foram como tempestade de vento:
sacudiram a copa
mas não foram capazes de mover a árvore.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Água salobra

Coração balançado na rede
não se acostuma à cama sozinha
O peito tem sede
não quer dessa água salobra.
Quer abraço
chamego
tempero
cheiro de flor

A moça tem um mapa desenhado no ventre
alumiado pela luz da janela.

Por entre as frechas
espia a lua
alta no céu:
tanta solidão
engana a noite.

As estrelas estão tatuadas
naqueles corpos (distantes) que suspiram
na frieza da madrugada.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Ipê amarelo

O relógio marcava apenas meio dia. Dia quente, do mês de outubro, num ano em que a chuva fez a curva antes de chegar à cidade. Quase tudo como todo dia, exceto pelo meu coração partido e pela visão maravilhosa daquele ipê amarelo.

Ter o coração partido tem remédio porque tantas vezes ele já esteve assim 'trincado' e teve a capacidade de sarar, confesso que muitas vezes sem o mérito do meu esforço. Não é um coração recheado de infelicidade. Nunca! A felicidade é parte dele, é como um visgo que não deixa ele partir. Ele anda triste com tanta coisa que não consegue digerir - tenho um coração com indigestão.

Aqui eu volto para a imagem que guardei do ipê. Lindo, imponente, contrastando com um céu anil, um tapete de flores ao seu redor. Naquele momento em que o fitei senti entrar pelas rachaduras do meu coração toda aquela felicidade de ser o que viemos para ser. Ali, plantada no canteiro da praça, estava a árvore sendo o que deveria ser: florida na primavera, mesmo na seca do sertão.

Não pude guardar para mim aquela euforia. Liguei para um amigo e pedi que fotografasse com seu olho digital aquela beleza exposta para quem quisesse ver.

Vou indo de encontro ao meu caminho. Sendo imagem do Criador. Florescendo, mesmo quando é seca. Meu coração fica confuso com tanta felicidade sendo posta por cima da indigestão cardíaca... Acho que é assim que Deus cura meu coração: me dá flores.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Cobertores

Meus pés frios.
Por um momento paro e penso
em palavras de consolo
abraços de mapa múndi,
silêncios de mãos dadas.

Lembro com saudade
e simpatia das pessoas
que me foram cobertores
quando a minha alma estava fria.

Estrelas da minha infância
vivem no céu que espio agora.
São mortas?!
Aprendi na escola.
Bordadas no manto da noite
para lembrar-nos da passagem
e orientar-nos de passagem.


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Otimista

Eu creio que a dor vai passar
que eu vou lembrar do que já foi
sem minha alma latejar.
Sei que não vou esquecer
a menos que eu caduque
como diz a minha avó
mas no lugar de todo aquele lixo
brotará flor de maracujá.
E eu pego a enxada
crio asas de passarinho
beleza de borboleta
e corro atrás do pôr-do-sol
e do raiar do dia.

Assim, otimista,
Com curativos e esperança no peito,
paro para descansar
enxugo as lágrimas
limpo a garganta e canto
como bem-te-vi.

A vida é uma só
Eu vou. Estou vivendo.

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domingo, 14 de outubro de 2012

Noites

Quando tudo dentro de mim grita
e meus olhos não encontram a poesia
do dia
e minhas mãos não sabem desenhar os abraços
que são necessários
chovem palavras mortas nesse silêncio
de noites tão cedo enegrecidas.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Desejo meu


Não desejar, não intentar o mal
Não machucar propositalmente
Não fingir ser o que não é
Ser bom, na melhor intenção da palavra.

Ter uma alma com cheiro de flor de cajueiro.
Desejo meu. Estendo para toda gente.

Outono em outubro

Tenho saudades
constantemente
ininterruptamente.
Sou hoje aquela menina de outrora
Sou agora a mulher que me habita
Transformei-me em flor do campo
na ausência momentânea da paz

Crio asas
meu peito em brasas
Amarro o tênis
escondo o salto
escondo a lágrima.

Sou passarinho pequenino
céu imenso,
folhas de outono no mês de outubro
- este que muda a roupa do meu coração.
Estou em silêncio
nesta tarde que já começou anoitecida.

Tenho saudades
sorvo pessoas
rabisco desejos.

O mormaço do dia
o passarinho no meu pé de acácia.
Tenho saudades
sigo em frente.

A minha melhor parte

A minha melhor parte
anda fora de mim.
tem cabelos ao vento
e uma beleza sem par.

Um amor para toda vida
uma vida breve
para tanta coisa que temos para ver.

A minha melhor parte
tem nome
atende por Maria
tem olhos que vêem o céu
e braços que me circundam na tristeza.

Posso dizer que sou feliz:
a minha melhor parte
carrega de mim a melhor parte
- matéria vária
alma leve.

domingo, 7 de outubro de 2012

Encantamento

Formigas, clipes, vírgulas,
grãos, chuvisco.
Miudezas, imperceptíveis às vezes.

Dou para a vida
meus sorrisos,
palavras sem rima,
poesia dentre os abraços.

Minhas miudezas
neste mundo já não tão grande.

Meu encantamento
de almas
em silêncios
cuidadosamente escolhidos.
Como árvore
que aninha e sombreia.


sábado, 6 de outubro de 2012

Revelação

Olham-na.
Veem uma mulher sem mistérios?
Não se enganem
naqueles olhos
há muito mais que verdades proferidas.
Histórias inauditas
de amores e ódios
engendradas nos seus seios.
Árida e fértil
sua respiração infla os pulmões do mundo inteiro.
É frágil caniço ao vento
fortaleza de proteção as suas flores.
Suspira, impaciente.
Suas mãos cerram-se
seu espírito sente o crepúsculo.
Vejam suas raízes
à beira do rio.
Estendidas, desde muito longe,
contam seus segredos
perfumam as águas com suas poesias.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Mapa

No lugar do meu coração
encontrei jasmim em flor
Simples como a certeza de que a noite
sucede o dia
e que tanta flor cheirosa
era para falar do meu amor.

Nesses caminhos por onde tenho andado
surge no horizonte
o entardecer da alma que descansa
o palpitar do crepúsculo dos olhos saudosos de outros.

No lugar do meu coração
tem uma placa:
ponto de encontro para flores,
esperanças e amores lindos.

Bordado de luz


Eles já sabiam que era amor
Agulha e linha para unir o destino
(que ela não acreditava existir)
Ali, naqueles suspiros,
entre os novelos, um bordado de luz.

Entreolhavam-se espantados de si
meio dia, meia noite
completamente entregues ao ofício de amar.


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Alma leve

Alma leve
em tempos de tribulação
Tento.
É difícil
em cada manhã
nos olhos nublados
- o céu azul anil -
nas mãos cheias de saudades
vazias de presenças.

Quero alma leve
canto cantigas de roda
nino meu coração
tão desejoso
de que venha o melhor
de que seja simples e suave.

Alma leve
em tempos de tribulação
Difícil.
Eu tento.

Quero colo,
calma,
palmas, braços e abraços
e umas palavras doces.

Os tempos são difíceis
o coração anda disparado
mas anda com cuidado
- que o tempo é breve
e eu quero a alma leve.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Alma esculpida por Deus

Apesar de toda hipocrisia,
das maldades,
das mentiras e falsidades,
das palavras vazias
ainda que eu tenha chorado,
feito curativos,
engolido sapos
e desacreditado da sinceridade
tenho uma alma esculpida por Deus.
Olho ressabiada para o tropeço
sigo em frente.
Sacudo a poeira, lavo o rosto.
É verdade que não sou a mesma pessoa
- mas quem passa pelo fogo e permanece inalterado?




terça-feira, 25 de setembro de 2012

Jardim

Todos que me são caros sabem da minha paixão por flores.
Gosto das minúsculas, das caipiras e tímidas - são suaves e bravas, como devemos ser. Gosto de rosas, de cravos, de angélicas, de lírios de São José, de flores de mandacaru, de flor de maracujá.

Todos que são minhas flores sabem de mim.

No meu coração há um jardim,
canteiros enormes, sem começo, nem fim.
Em dias de tristeza,sempre encontro uma flor brotada dentre as pedras.




A felicidade e a paz

Talvez eu devesse abraçar mais
Expressar com atitudes
esse amor 
que flui dentro de mim.

O que importa
é a felicidade nos seus olhos
a paz do seu sorriso.

Penduro em meus lábios a atitude sincera
de quem ama.
Calo minhas ansiedades 
e abro minha alma.

Venha. Sentemos aqui.
Esses dias de céu azul limpam o espírito.


sábado, 22 de setembro de 2012

Felicidade em passos largos

Deponho meus olhos sobre sua face
Derramo amores e saudades em sua fragilidade
Coração partido - quer abraços.

Dou minha vida,
dou meus braços,
quero transformar em flor essa ferida aberta.

É certo:
a noite passa, o dia vem
Vamos olhar para a frente
seguir adiante.

Adiante, de mãos dadas
mesmo quando estivermos distantes.

Conte comigo
Eu conto histórias
Conto estrelas
Conto com sua felicidade
em seus passos largos.

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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Simplicidade

Porque a vida é uma só
eu olho nos seus olhos e sorrio
feliz em ver-te.

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domingo, 16 de setembro de 2012

O medo e eu

Medo é uma coisa estranha e ruim de sentir, embora seja um dos determinantes para a nossa sobrevivência e todo mundo já sentiu ou vai sentir. Eu tenho medo de velocidade, da possibilidade de que minhas filhas possam partir antes de mim, de não ter dito tudo quanto posso ou feito tudo quando devo.

O que importa é que pesando os prós e os contras decidimos arriscar atravessar a ponte estreita, permitir que o filho viaje sem a companhia dos pais, que as pernas façam caminhos estranhos, que a noite acalme o coração sobressaltado.

Fico imaginando que somos como sementes: pequenas, adormecidas, cientes da árvore que nos habita. Lançadas no seio da terra, ficamos assustados com o escuro, com a umidade, com a transformação que sabemos que vai ocorrer logo mais. Somos árvores desde a semente mas o céu imenso nos assombra...Aí um dia criamos coragem, rompemos a superfície, assumimos a responsabilidade de aninhar, sombrear e alimentar.

O medo que me habita também me impulsiona. Estou cheia de sementes. São coragem e dúvidas. Já sou uma árvore, às vezes sou exclusivamente primavera, outros dias inverno cinza e solitário. Tenho medo de que as estações não passem, que as flores não venham, que os frutos não vinguem. De repente, sou a menina sob aqueles galhos e a mulher que semeia a terra.

Talvez eu seja estranha ao medo. E vamos indo...

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sábado, 15 de setembro de 2012

Musgos

Sentinela do tempo
meus olhos abertos 
depositados nesse horizonte
tão perto
tão distante.

Musgos nascidos nos meus pés
na esperança de que eu torne-me 
a flor 
a cor da esperança.

Lápis comum
folha em branco
desenho um relógio
na menina dos meus olhos.

Ergo minhas armas
mãos e braços
bandeira branca
todo amor que há por aqui
em mim.

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Casa e botão

Meu amor é passageiro
dessa vida que brota dos nossos
braços abraçados noite adentro.
Misterioso esse sentir
esse saber de ti.

Para tua vida
é que faço feliz o meu sorriso.
Em toda imensidão que há 
somos casa e botão
E anseio todo dia
ter tuas mãos postas nas minhas.






sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Não faço poesia

O que eu sei da vida soprada pelo vento
é que ela invade as minhas narinas
e eu conto na minha respiração
as coisas que escondo nos meus sorrisos.

Somos mesmo assim
sossego e sofreguidão.
Não nos separamos
porque nossa ligação é invisível
e eterna até que o último suspiro
seja o segredo para a eternidade.

Os paralelepípedos andam fazendo-me esquecer
dos caminhos de terra batida.
É estranho reconhecer que sou eu
essa menina disfarçada de mulher
quando olho-me no espelho
e sei que o vento que me invade
é a brisa mais suave da minha infância
amadurecida.

Não faço poesia.
Ela já mora na folha em branco
nos anseios dos olhos postos em outros.
Ela invade minhas marinas:
Barcos e navios
com mensagens e passageiros
atracados, desembarcados
no pulsar das minhas marés e ventanias.

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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Quem pode mais do que Deus?

De repente, finjo ser assim,
percebo que há algo de errado
ao redor de mim
A despeito de todas as flores
que amo
sinto a presença da podridão
das más intenções

Faço o sinal da cruz
Quem pode mais do que Deus?


terça-feira, 11 de setembro de 2012

Olhos de céu

Uma florzinha bem pequena
que cabe na menina dos olhos
Torno-me sorriso para habitar-te
Eu sou amor para encantar as palavras
pescar a luz da lua
assobiar gentilezas
saídas de tuas mãos.


Uma poesia delicada
escrita no vazio de nossas mãos.

Estamos unidos
nessa estrada que nos separa.

Uma florzinha bem pequena
uma poesia delicada
um amor tão grande que não cabe em mim
- faço raiar o dia: olhos de céu.



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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Fuga

Fugidio, arredio, tímido
quase invisível
Traiçoeiro e encantador.
O tempo
Livre como o vento
Faz-me prisioneira
nos vidros dos relógios.

Temos mantido uma relação estranha
Ele passando por meu cabelos
enrugando minha face
Eu sussurrando ao seu ouvido
pedidos de prorrogação.

Leva meus planos
acompanha meu projetos
Serpenteia no meu leito
faz tudo parecer imperfeito.

Tenho fugido, sem sucesso,
dos seus abraços ao final do dia
quando me diz, mansamente,
que tudo finda e recomeça.

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sábado, 8 de setembro de 2012

De esperança

Quem sabe o que é saudade
sabe esparramar-se por todos os cantos
sem encontrar canto que lhe encante a alma.
Assim, pelo caminho,
recolhe todas as flores
e as deposita nas lápides
ou à mesa do jantar num vaso solitário
- o companheiro para o agora.

A lavanda, o doce de corte,
o passeio de mãos dadas,
os brinquedos no meio da sala,
os risos dentro do carro,
a cabeça no colo.
Roupas de gala de uma saudade apertada
dentro do peito.

Quem sabe o que é saudade
faz esperança brotar pelas horas que se arrastam.

A saudade é a esperança da alma.

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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Flores no deserto

O extraordinário é fazer brotar flores
no deserto
Dentro dos seus olhos, vi,
havia sementes,

O destino de quem viaja é a chegada
Extraordinário é que veja o caminho
que seja o vaso depositário de esperança.

Dentro dos seus olhos, vi,
havia desertos ainda.
A ordem era que as flores tremulassem
suas cores dentro daqueles canteiros solitários.

No caminho havia você
havia o deserto
haveria flores brotadas nos seus olhos.
Em breve.

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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Casulo e imensidão

Eu me importo com o vento nos cabelos
com as palavras mortas
com as verdades latentes
Finjo que não vejo os descasos
as mentiras vestidas de verdades incontestáveis
as escolhas erradas.

Sou eu quando me importo
Sou eu quando finjo
Sou eu a sacerdotisa do tempo
a mascate das vontades
o arbusto de folhas verdes num deserto imenso.

Sou mutante, sou metamorfose,
sou borboleta que se transforma em pó
lagarta que não cria asas
sombra no meio do dia
luz no meio da noite.

Surpreendente e previsível
eu me importo com o vento nos cabelos
com os pensamentos em novelos
- é verdade, eu sorrio quando deveria chorar
(casulo e imensidão entre o céu da boca e a janela dos olhos).


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Diálogo

Moça, me dá um pouquinho de atenção
que eu ando por um fio
Dói a minha alma
- não é o sapato que aperta -
a ferida é de tristeza
que corta mais que a lâmina da faca.
Você não sabia?
Agora é só de colo que eu preciso
sem palavras, sem perguntas
- porque eu não tenho nenhuma resposta.

Segura a minha mão.
Só respira ritmadamente
para acalmar meu coração.

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Sempre de partida

Oferecer para os outros
o que tenho.

Há quem ofereça o alheio.

Sei bem que nada me pertence
e que estou de passagem
mas enquanto tenho sorrisos e abraços,
dou-os.

No caixão não tem gaveta
- sabedoria popular -
nada de jóias, carros, móveis.
Apenas o ser
enquanto não deixa de ser.

Quero é ser etérea
enquanto minha alma mora nesse corpo.

Levar meu espírito para passear
ver o mar
ver o céu de agosto, límpido e azul.

Um tanto de feliz estar
é tudo quanto anseio.
E paz. Para admirar a vida
que, não esqueço, estou sempre de partida.


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Vazias

Fico pensando em todas aquelas palavras
- agora sei -
vazias, como suas mãos.
Olhos argutos
interessados nos buquês
- nunca nas flores.

Ora, ora!
Horas vãs passei na sua presença
- serviram-me de desalento?

Restou-me uma alquimia
uma lembrança de quando foi bom.

As falsas
aparências
ideias
querências
tem o poder de enrijecer almas.

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Pela porta

Aquela porta desenhada no chão
com giz e sonhos de criança
levava para outro mundo
tudo aquilo que não suportava mais sentir.

Para transportar dores e dissabores
pendurava mensageiros de vento
que sussurravam durante o dia
as minúcias dos seus olhos estrelados.

Toda aquela dificuldade de lidar 
com a dureza e aspereza do dia
transformava a noite 
em quadro pendurado na abóboda do céu.

Pela porta entrava o dia 
entrava a noite
cruzavam sua soleira
monstros, ogros, fadas, princesas, pessoas.

Pela janela ela fugia 
para sentir o alvorecer da vida.
Um mundo novo, um mundo antigo
na menina dos seus olhos.

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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Felicidades

As felicidades pequenas
povoam a minh'alma.

Olhar pela janela do quarto
ver um céu de possibilidades
Respirar e sentir o cheiro de amor
que mora nos cabelos dos filhos

Ah! As felicidades são brisas
para os recantos dessa vida.

As felicidades que me habitam
por vezes moram em outros lugares
tem outros amores
marcam horários no dentista
vão à feira.

Minhas efervescências e euforias
minhas felicidades miúdas
- às vezes cabem todas na palma das mãos que se (re)encontram.

sábado, 25 de agosto de 2012

Acalento

Algumas coisas reverberam dentro de mim
reproduzem ecos de perguntas
para as quais nunca achei resposta.
Todo temor e amor que tenho
não são capazes de acalentar
a mim mesma.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Breve oração

Sumi com meus problemas
- tão pequenos, a bem da verdade -
coloquei-os em mim.

Olhei além da cerca imaginária
que separa o meu corpo do mundo
- tanta beleza e tanta dor
possíveis.

Na minha existência decidi ser
presença e imagem do Senhor,
pai e criador.

Breve oração:
que meus problemas
não sejam motivo para a dor alheia
e meus olhos sejam tijolos
no caminho para o céu.
Amém.

Ciclos

Minguante e sozinha na imensidão da noite
pensam meus inimigos ao ver-me.
Intentam e engendram mil planos
- em vão.
Cresço e apareço 
iluminada pela vida
não me importam os ciclos,
os altos e baixos.
O que me fortalece é tudo
que tenta me enfraquecer.


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Algozes


Eu hoje comi todas as azeitonas da pizza
Ando enfastiada de pessoas que pensam ser a cereja do bolo
Panelas cheias de parasitas
Flores de plástico, amizades cheias de viés.
O céu me livre dos algozes disfarçados de passarinhos.


domingo, 19 de agosto de 2012

De amor

Uma história de amor
habita dentro de mim.
Uma centelha de amor
rebrilha nos meus vazios.
Palavras de amor
estão guardadas nos meus dedos.

Páginas e candelabros
pássaros nos peitoris
flores de jasmim no quintal
e papoulas cúmplices daquela tarde.

Foi somente olhar
e tudo despertou
tudo que estava adormecido tornou-se
nós dois.

Uma história de amor
dentro de mim.
Fora de mim sou a história de amor.

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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Mulher e menina

Quando eu era menina gostava das sombras que só eram possíveis no escuro
A revelação dos animais que moravam em meus dedos
A quentura dos colos que me abrigavam
A certeza de que era passageiro e divertido
e que logo mais haveria luz.
Continuo sendo feliz ao deparar-me com a escuridão
oportunidade de refletir sem o brilho dos olhos alheios
de mirar nos bichos que me apavoram
transformá-los em letras ao acender as luzes.

Em alguns dias desejo apenas ser luz
em outros a sombra me seduz
Sinto ser horizonte
onde o sol deita e se esconde
e logo mais nasce e ilumina.

Quando eu era menina desejava ser grande
dormir tarde, ter um grande amor.
Continuo menina em um corpo adulto
desejando acordar tarde,
ter tempo para o grande amor

Sendo a menina de sempre
descubro que fui mulher desde a mais tenra idade
apenas misturei as luzes e os intervalos obscuros
dando-lhes leituras diversas.

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Evanescência

Mirei aquela nesga de céu.
As nuvens evanescentes
em sua alva brancura
a minha alma fugidia
em sua momentânea loucura.
Foi tão rápida minha visão
estava tão envolvida
em esquecer-me de como é bom
fitar a vida
que vive além de mim
todo tempo, fora da minha
mesa sobrevivente.

Aquele pedaço de céu
minha própria evanescência
pelos dias afora.

Descortino as possibilidades de ser feliz
descubro que a felicidade pode ser azul
e que tenho sonhos como nuvens.




terça-feira, 14 de agosto de 2012

A cura


Era a cura dessa ausência:
a sua presença
E agora?
Que faço eu com essa dor
que não tem remédio?
Fecho os olhos
e mando para você
todo amor do mundo.

Abre a janela!
É o vento que me leva.

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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Mimetismo

Seja mais feliz
abrindo as portas, os olhos, as janelas
abrindo livros, álbuns, a boca
Seja mais você
mudando de fase, de roupas, de atitude
mudando a face, os passos, o caminho.
Seja diferente
sendo igual.
Borboleta na hora de voar
memória de lagarta
na iminência de rastejar.
Tenha atitudes miméticas
- ajuda a seguir, sem esquecer de si.

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Tinta

Silêncio nos meus olhos atentos
Escuto dentro de mim
as batidas dos meus pensamentos

Penso em você
Penso em mim

Vejo a tinta que pintamos nossas vidas.
Suas mãos estão sujas de tinta
as minhas com suas digitais.

Dentro de mim
você
Fora de mim
os gritos dessa alegria
em achar que te possuo.

Silêncio nos meus olhos atentos
Ecoam dentro de mim
seus sussurros de amor.

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domingo, 12 de agosto de 2012

Meu pai

Enxugou minhas lágrimas e disse-me que eram muito salgadas
Ensinou-me a assobiar e a pescar
Fez meus domingos felizes
Levou-me para acampar
Comprou centenas de suspiros quando tive hepatite
Chorou quando eu casei
Ficou feliz quando foi avô
Foi meu motorista para as sessões de quimioterapia
Gosta de contar histórias engraçadas
- que saem do meio do seu silêncio.
Tem os olhos azuis e me deixou a fórmula para perpetuá-los.
Meu pai.
Sou feliz de ser sua filha.


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A Saudade

A saudade é um quebra-cabeças
que falta uma peça.
Tudo pronto e emoldurado
e aquele vazio...
estampado,
dolorido.
A saudade é certeza de que a peça existe
só não está mais ali.




Maria Gabriela

Uma florzinha nascida de mim
Perfumada e rosinha
nos seus vestidos e laços de fita
Leva consigo todos os doces desejos
de ser feliz
- e somente isso é o que mais quero.

Uma florzinha nascida de mim
pequena pessoa que doei ao mundo
Maria Gabriela
é ela.
A menina no jardim.


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Uma menina para sempre

Pois saiba que descobri:
uma menina de sorriso largo
cabelos finos
cheia de crenças num mundo melhor.
Falou-me de quando queria mudar tudo
e quando a hora no relógio tinha muito mais do que sessenta minutos.
Mãos macias, pés descalços
olhos postos tão distante...
Contou-me das saudades do futuro
das dores do crescimento
dos segredos depositados nas palavras nunca proferidas.

Morando dentro de mim!
Uma menina para sempre
depositada em melodias e versos
marcada pelo fogo dos que crescem sem sentir.


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