sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Ipê amarelo

O relógio marcava apenas meio dia. Dia quente, do mês de outubro, num ano em que a chuva fez a curva antes de chegar à cidade. Quase tudo como todo dia, exceto pelo meu coração partido e pela visão maravilhosa daquele ipê amarelo.

Ter o coração partido tem remédio porque tantas vezes ele já esteve assim 'trincado' e teve a capacidade de sarar, confesso que muitas vezes sem o mérito do meu esforço. Não é um coração recheado de infelicidade. Nunca! A felicidade é parte dele, é como um visgo que não deixa ele partir. Ele anda triste com tanta coisa que não consegue digerir - tenho um coração com indigestão.

Aqui eu volto para a imagem que guardei do ipê. Lindo, imponente, contrastando com um céu anil, um tapete de flores ao seu redor. Naquele momento em que o fitei senti entrar pelas rachaduras do meu coração toda aquela felicidade de ser o que viemos para ser. Ali, plantada no canteiro da praça, estava a árvore sendo o que deveria ser: florida na primavera, mesmo na seca do sertão.

Não pude guardar para mim aquela euforia. Liguei para um amigo e pedi que fotografasse com seu olho digital aquela beleza exposta para quem quisesse ver.

Vou indo de encontro ao meu caminho. Sendo imagem do Criador. Florescendo, mesmo quando é seca. Meu coração fica confuso com tanta felicidade sendo posta por cima da indigestão cardíaca... Acho que é assim que Deus cura meu coração: me dá flores.