Aquela porta desenhada no chão
com giz e sonhos de criança
levava para outro mundo
tudo aquilo que não suportava mais sentir.
Para transportar dores e dissabores
pendurava mensageiros de vento
que sussurravam durante o dia
as minúcias dos seus olhos estrelados.
Toda aquela dificuldade de lidar
com a dureza e aspereza do dia
transformava a noite
em quadro pendurado na abóboda do céu.
Pela porta entrava o dia
entrava a noite
cruzavam sua soleira
monstros, ogros, fadas, princesas, pessoas.
Pela janela ela fugia
para sentir o alvorecer da vida.
Um mundo novo, um mundo antigo
na menina dos seus olhos.
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