domingo, 16 de setembro de 2012

O medo e eu

Medo é uma coisa estranha e ruim de sentir, embora seja um dos determinantes para a nossa sobrevivência e todo mundo já sentiu ou vai sentir. Eu tenho medo de velocidade, da possibilidade de que minhas filhas possam partir antes de mim, de não ter dito tudo quanto posso ou feito tudo quando devo.

O que importa é que pesando os prós e os contras decidimos arriscar atravessar a ponte estreita, permitir que o filho viaje sem a companhia dos pais, que as pernas façam caminhos estranhos, que a noite acalme o coração sobressaltado.

Fico imaginando que somos como sementes: pequenas, adormecidas, cientes da árvore que nos habita. Lançadas no seio da terra, ficamos assustados com o escuro, com a umidade, com a transformação que sabemos que vai ocorrer logo mais. Somos árvores desde a semente mas o céu imenso nos assombra...Aí um dia criamos coragem, rompemos a superfície, assumimos a responsabilidade de aninhar, sombrear e alimentar.

O medo que me habita também me impulsiona. Estou cheia de sementes. São coragem e dúvidas. Já sou uma árvore, às vezes sou exclusivamente primavera, outros dias inverno cinza e solitário. Tenho medo de que as estações não passem, que as flores não venham, que os frutos não vinguem. De repente, sou a menina sob aqueles galhos e a mulher que semeia a terra.

Talvez eu seja estranha ao medo. E vamos indo...

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