Toda poesia incrustada naquela lua redonda e amarela
nascida ao pé da serra
fez-me ver, distante,
uma infância arrodeando o vestido de minha vó.
A criança hoje crescida e
a senhora numa idade desmedida,
com olhos distantes,
já viram da porta da cozinha,
recitando quadrinhas
essa lua cheia de outras histórias.
Não se perdem no tempo
nem os olhos
nem a luz
nem as palavras infantes:
"Bênça, mamãe Lua
me dê um pouquinho de farinha
pr'eu dar a minha galinha
que está presa na cozinha'
Vem, mamãe Lua
iluminar esses olhinhos ermos
sentados, agora, na sala de estar.
A poesia então é outra
- hoje está cinza e silenciosa.