quinta-feira, 14 de junho de 2012

Nós, os passarinhos

Eram passarinhos
viam o céu com seus olhinhos de treliça
e cantavam um lamento de saudade implacável.
Havia em suas penas um cheiro de liberdade
mas o cativeiro os transformava em quadros na parede.
Não se podia afirmar que não eram felizes:
voavam o que lhes permitia o pouco espaço
- porque a felicidade não habita apenas o liberto.
Os passarinhos que vi naquela esquina, ao sol,
eram brinquedos de adulto.
Estavam presos, mas alimentados
Engaiolados e cantando notas de bom-dia
cantavam como os sabiás do terreiro, na fazenda.

Em nossas prisões
- pensemos bem onde estamos aprisionados -
somos capazes de conseguir a felicidade
(nem que seja versejando palavras de liberdade).

Eram passarinhos.
Somos nós.
A diferença não está nas asas:
escolher se libertar do conforto da prisão, nós podemos.

Imagem em sementesaleatorias.blogspot.com.br