terça-feira, 29 de novembro de 2011

Quase dezembro

Antes que termine o mês de novembro vou derramar minhas letras nesta tela. Pensamentos e palavras. Atos e omissões. Estes últimos termos, sabem-nos os católicos - proferimo-os no ato penitencial, na missa.

Quando passo muito tempo sem escrever sinto dificuldade em coordenar minhas ideias. Não pela falta de treino, mas pelo atropelo das muitas coisas que transitam na minha mente.

A primeira coisa de que me lembro agora é um pedido de desculpas. Generalizado. Por ser quem sou, por ter feito ou não o bem, por silenciar, por falar demais. Por ser quem sou e ter magoado ou não ter amado o suficiente, por não ter sabido ouvir ou ver. Pelas minhas ausências, por não ter ligado ou visitado com maior frequência, por não saber partilhar das minhas dores e preocupações. Peço desculpas.

Depois lembro de flores. Sempre elas. Tempos atrás havia na minha casa arranjos artificiais. Dois vasos. Hoje não existem mais. Aos sábados minha mãe me compra flores na feira. Fico feliz ao recebê-las e mais contente ao vê-las amarelas - crisântemos, ou alaranjadas - sempre-vivas. Qualquer variedade me conecta a grandeza de um Deus singelo e cuidadoso. Ganhei de seu João, o homem que vende mudas na feira, um pezinho de angélica. Brota silenciosa haste de florezinhas brancas e excessivamente perfumadas. Saem do meu jardim para minha sala.

Agora recordo-me que domingo pensei em escrever sobre o ano novo. O evangelho de São Marcos (13,33-37) dizia: Vigiem e fiquem alertas, pois vocês não sabem quando chegará a hora. E essa hora é o tempo da colheita e devemos cuidar para estarmos maduros e disponíveis para o Senhor. No calendário litúrgico já estamos no novo ano e aguardamos a 'chegada do Messias'. Nesta rememoração posso sentir a inquietação maternal de Maria - aquietada pelo calor do corpinho santo do seu Filho em seus braços.

Padre Airton Freire canta uma musiquinha que diz assim: "É Natal novamente, festa do menino luz. Tornou-se um como a gente, nasceu o menino Jesus. Sua mãe era judia, tinha por nome Maria, seu pai era um carpinteiro, José, seu nome primeiro. Os seus não O receberam, deram-lhe morte de cruz. Vive no meio de nós, Divino Menino Jesus!". Nos meus silêncios ouço esses versos. O tempo do Advento causa-me espera feliz. Conheço pessoas que se sentem tristonhas por essa época - para elas minhas orações.

Desculpas. Flores. Novo tempo. Natal. Coisas correlatas? Para mim, sim. Ando preparando a manjedoura para o Menino Luz.