sábado, 24 de dezembro de 2011

Rua Velha

Deixei meu carro estacionado na Rua Velha quando fui ao comércio hoje à tarde. Não havia vagas na Avenida Antônio Japiassu, vestida de decoração natalina no seu canteiro central.

Outrora, na minha infância e adolescência, sua extensão era adornada com barracas de festa, os bingos, as roletas, as maçãs do amor, saquinhos de siriguela e jambo, churrasco alaranjado de colorau, o palco central, o Parque de Diversões Lima, e Roberto Carlos, o Rei, com seu último LP tocando nos auto-falantes.

Na volta para pegar meu carro encontrei Arlindo, que trabalhava com seu Chico do Foto - na casa da minha 'tia' Vilma. Eu ia para casa deles quase todo dia, porque o dia em que eu não ia, era porque Patrícia estava em minha casa. Ficavam mexendo comigo dizendo que Arlindo era apaixonado por mim - e naquela inocência dos que não tem o senso completo, talvez fosse mesmo. O fato é que reencontrá-lo me trouxe a memória tanta gente, tantas coisas partilhadas...

Quem me lê de longe talvez não enxergue as saudades do que escrevo então. Quem me conhece de perto sabe que falo do natal onde foi possível dizer boa-tarde a seu Chico, sempre de pé em frente ao Cine Foto, e cumprimentar outro Chico, o Canindé, na Sapataria Chic, comprar umas roupas novas a dona Neuza, na Miscelânea, tomar sorvete servido por dona Quitéria da sorveteria do português, a Caboré, deslocar-se para um lugar mais distante, com seu Jacy Padilha - taxista que ficava lá na praça da cidade alta - e era meu avô.

Sou saudosista. Hoje estou mais.

A felicidade eterna é contemplar a face do Pai, em sua presença desejo que estejam todos aqueles de quem Arlindo me fez recordar com sua saudação neste final de tarde: meu avô Jacy Padilha, seu Chico do Foto, 'tia' Vilma, Mônica Cecília, Penha Padilha.

Para eles e para nós: Feliz Natal!