Lá de cima ela a viu partir.
Alva e distante, sem nuvem que lhe encobrisse
perfumava de luz o céu posto como hora de despedida.
Linda e silenciosa
aumentava a saudade que insistia em escorrer pelo canto dos olhos.
Despedimo-nos num abraço de promessas:
eu rezando pela felicidade
ela cosendo com fios de vida.
Éramos três seres etéreos:
a lua, ela e eu.
Chamando pelo dia
a brisa da madrugada
- toda poesia residia
naquela luz fria e redonda
de espada e corte.
Ela partiu para o leste
e deixou perfume e cor.
A lua ficou sorrindo
prateada com aquele amor.
Eu fiquei espreitando o momento
sentindo fugir as palavras
no vento em movimento.
Suspirei.
Ela se foi de malas e sonhos.
De mãos postas a lua rezava por mim.