sábado, 10 de setembro de 2011

Seja a pedra no sapato

Tem gente que não sabe a que veio. Passa a vida em cima do muro, se preocupando com coisas que não são da sua conta, ou dando conta de outras tantas que ninguém está interessado em saber.

Minhas filhas costumam dizer 'tudo é culpa dos pais' entre risos e caras cínicas de cumplicidade para justificar algumas atitudes e escolhas. Parcialmente estão corretas. Influenciamos suas escolhas, moldamos suas atitudes, mas chega o momento em que nossas palavras e exemplos são balizadores, são norteadores contudo não determinam as escolhas.

As pessoas do primeiro parágrafo me enervam. Permanecem no emprego, reclamando, porque não tomam a iniciativa de fazer o que gostam, não cumprem a sua parte, porque se escoram no outro - esperando que ele faça, não dizem não para não se comprometer, nem dizem sim. Essas criaturas mandam recados, se eximem das verdades cruas, preferem cozinhar mentiras, engendrar situações - melindres de quem vive pé ante pé numa parede estreita - esconderijo para suas volatilidades.

Tem um ditado que minha vó repetia para mim, quando eu era criança, falando da minha política da boa vizinhança: você é água me leva, água me traz. Dizia isso porque para mim estava bom brincar na rua, brincar em casa, passear de carro, ler no silêncio, ler no barulho. Minha adaptação às situações diversas vem de longo tempo, porém se não me agradava, era 'tchau e bença'...

Então, se o emprego não lhe agrada - corra atrás de outro, mas enquanto estiver no seu, faça a sua parte da melhor forma que puder. Se o seu namoro é sem futuro, acabe - antes só do que mal acompanhado. Deixe as coisas em pratos limpos, as arestas aparadas, as dúvidas dirimidas. Seja carne ou peixe. Como diz a minha mãe: seja positivo. Seja positivo, proativo, sincero.  Seja a pedra no sapato, seja o lenitivo para a ferida. Só não seja a indefinição da outra face do ditado: a folha seca que a água leva e traz.