quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Minha voinha

Suas mãos enrugadas, as pernas já cansadas da caminhada até aqui
Os olhos que guardam as imagens de toda uma vida.
Estive aos seus cuidados, sob o seu zelo, às vezes excessivo.
Meus ouvidos vez por outra não queriam escutar suas palavras duras sobre a vida que havia de vir,
E algumas vezes, seus conceitos estiveram errados ou apenas não pude aplicá-los porque a vida era minha e eu tive que aprender e ensaiar meu crescimento.
Com você eu aprendi a dizer com licença, obrigada, a 'sentar feito uma moça', a ter horários para as refeições, a dividir o único bombom com o primo. Aliás, com você, não! Com a senhora, porque com os mais velhos há de se ter respeito.
Pensamos tão diferente sobre tantos assuntos... mas sou pedaço seu. Em mim navega uma saudade bordada com sua máquina de costura e ela tem cheiro de café. Separadas e unidas por 50 anos de diferença. E acho que começo a enxergar alguma coisa pelos seus olhos, minha voinha.