terça-feira, 6 de agosto de 2013

Travessia

à beira do caminho
pés calçados
como convém a quem vem da cidade
sua alma
à beira do abismo
gritando palavras de amor
apenas para ecoá-las
não parecia entender a vida
não havia nascido para a morte
era eterna a sua essência
da ponta aos cortes

parada ali
esperando o passar dos carros
sentia atropelar-se
por saudades e cheiros

não contava segredos
apenas sorria

ninguém sabia do seu abandono
do seu trono
da sua luta

era noite
parecia ser noite
seus cabelos escuros
castanhos e assanhados
emoldurando olhos
que viam de um lado a outro.

atravessou a rua
enquanto a vida atravessa a sua.

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