domingo, 6 de maio de 2012

Contemporâneos

Elíptica. Cíclica. A vida. Versos, travessões, pontos finais e vírgulas, como os nossos pais.
Desejamos ser felizes. E a felicidade é urgente. Como desejo de criança.
Suspiramos diante das vitrines, entregamos nossos corações, exultamos de alegria e gritamos de raiva.
Uns de nós vamos à igreja, outros sozinhos na peleja - olhando para as estrelas frias.
Nos poetas as dores do mundo, nos palhaços - kabuki, máscaras.
Somos protagonistas de velhas histórias inéditas.
A mesma praça. Trocaram os bancos e no lugar do cinema há uma loja de departamentos.
Na velha infância havia bolas e hoje há balas em jogos eletrônicos e nas apresentações ao ar livre.
As menininhas pintam suas unhas e suas bocas. Suas caixas de lápis de cor fazem parte do material escolar.
Todo mundo espera uma faca amolada, para extirpar os maus pensamentos, ao menos.
Hoje em dia quase não se escrevem mais cartas contudo, na urgência dos e-mails, ainda temos um coração varonil, esperançoso de que os bons sempre vençam os maus. Como dantes - doravante.

Elíptica. Cíclica. A vida declama os versos de Vinícius de Moraes:
Você que ouve e não fala
Você que olha e não vê
Eu vou lhe dar uma pala
Você vai ter que aprender.

Gravura de Thais Beltrame