sábado, 26 de maio de 2012

Espinhas dorsais

A noite engolia o dia
e eu balançava os galhos das árvores
com meus pensamentos errantes - na praça.
Era uma noite com boca faminta e devorava minhas entranhas
e cuspia as espinhas dorsais nos canteiros de manacás.
Era eu que comia a noite
e dentro de mim as estrelas faziam cócegas.
Era eu que amanhecia entre aquele arvoredo
- lume de estrelas guias
Em meus olhos, amores amadurecidos faziam brotar os dias:
para alimentar a noite.

Manacá, de Tarsila do Amaral