terça-feira, 10 de abril de 2012

Tempo de saber

Um dia atrás do outro e uma noite no meio - o tempo.
Tem uma frase de Martha Medeiros, que diz que 'O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções'.
Ele nos dá a oportunidade de sofrer uma dor que não queima mais, de sentir uma saudade que fura como faca, de esquecer-nos de como foi penoso partir, chegar, despedir-nos, abraçar-nos, chorar até soluçar. O tempo é aquele amigo que diz a verdade e o seu ouvido aprende pela chicotada desferida pelas palavras, no coração.
Tão finitos nesse corpo de pele e osso. Tão ciosos de tudo e tantas vezes cientes de nada. E a tudo isso assiste o tempo: cíclico, pragmático.
Um dia atrás do outro e uma noite no meio. Posso acreditar que não perco meu tempo - ele nunca chegou a me pertencer.  O desejo de compreender o pulsar do mundo não cabe no movimento circular do ponteiro dos segundos. Relógio na parede para lembrar que o tempo corre até mesmo quando brinca de estátua.
Ventania me leva e me traz mas leve.
À mesa, espero sem saber. Ouço bater à porta. Onde estão meus lápis de cores?
Preciso fazer um desenho de mim. Só não sei que cor usar para o tempo que está ao redor e dentro de mim.