segunda-feira, 26 de março de 2012

Água ácida

O que me espanta não é saber de verdades diferentes das minhas
Nem encontrar-me, vez por outra, enovelada nas verdades dos outros (ainda que meias)
Saber que tudo é relativo me faz mais leve
mas não abrevia minha responsabilidade e não faz de mim inconsequente.
A consciência de mim não inibe a minha mistura fugaz e também perene nas vidas a que me entrego.
O que o espelho me revela nem sempre é o que vejo
nem o que esperava ver
e ainda assim a luz é somente fio condutor
não é ela que ocasiona a dor.
Suspiro e fecho os olhos:
Essa água já passou por debaixo da ponte
Evaporada, ainda não choveu
e eu, ainda sou eu falando sobre meias verdades ou mentiras inteiras.

Quando chover essa água ácida, sob um céu azul de abril,
meus olhos serão desejosos de pétalas e pedras.
O jardineiro sempre se transforma em flor
A menos, claro, que sua ambição seja a tesoura.