terça-feira, 24 de agosto de 2010

Braços, cheiro e carinho

Braços. Cheiro. Carinho.
E não vou escrever sobre o amor entre seres humanos.
Hoje li e escutei essas três palavras. Acompanhadas do termo "de Deus".
E o que seriam braços de Deus? Abraço de amigo, cobertor a um sem teto, copo de café ao faminto, visita ao enfermo, auxílio para levantar-se da queda, mãos postas em oração.
O sol no capim, a chuva na terra, pimenta de cheiro, manjericão no pé, lençol limpo, chá de erva-cidreira. Os cheiros de Deus confortam nosso espírito, ainda que não tenhamos consciência de que sejam Dele.
Regaço acolhedor. Colo de mãe, de pai, de tios e tias, de avós, de irmãos, de filhos, de amigos. Olhos suaves na espera do consultório. Palavras contundentes na homilia. Carinho de Deus em nossos ouvidos, em nossos olhos, em nossas mãos. Remédio para as nossas feridas.

E fico imaginando: como foi, entre Maria e Jesus, esse grande mistério? Essa grande troca? Ela como mãe, toda braços, cheiros e carinhos. Ele como Deus, fonte de todos os braços, cheiros e carinhos - tão pequeno e tão grande - aninhado no regaço de sua mãe? Só me cabe a contemplação.