domingo, 29 de agosto de 2010

Cadê

 
...Cadê o riso de Luzia
Que me disse um dia 
A lua é de nós dois...



A gente vai vivendo a vida e conhecendo pessoas ao largo do caminho.
São como plantas: umas medicinais, outras ornamentais. Algumas trazemos para casa e em suas sementes germinamos a nós mesmos. Tornam-se árvores de frondosa sombra onde retornamos quando precisamos sentir que ainda estamos vivos e somos amados.
Outras, de raízes superficiais mas de rara beleza nos encantam enquanto ainda estão vivas. Por vezes outros andarilhos arracam-nas e as oferecem ao mundo.
Bem pertinho da cerca, estendem os galhos as árvores frutíferas. Foram plantadas e podadas, seus donos não lhes impedem o acesso, mas as cercam, protegendo-as e direcionando-as para uma grande safra.
Ainda há aquelas que já se apresentam como unguento a nossas pernas marcadas pelos espinhos. Seus olhos e suas mãos são xícaras contendo beberagem que conforta e redireciona.

No início dessa postagem tem só um trechinho de Maciel Melo (http://www.macielmelo.com.br/musicas/), da música O Velho Arvoredo. A gente vai caminhando e nessa estrada circular vai se lembrando do que fomos e como nos tornamos e o que conservamos do outro.

Onde andará você que tanto me fez rir? E quem me deu a mão e o coração? E quem está distante, com quem não falo há tanto tempo? E quem mora bem ali e não visito? E quem me aqueceu a alma?

Cadê o riso de Luzia, que me disse um dia: a lua é de nós dois.

Desejo que muitos lembrem que passei em suas vidas. Que eu lhes tenha dito uma palavra de luz. Que ao lembrar de mim brote uma saudade do momento de nós dois. Clarice Lispector fala que a amizade é matéria de salvação.

Talvez alguém diga: Cadê Valéria, que me disse um dia...