segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Só um pouco sobre o amor

Ser amoroso. Ser derivado do amor.
Não ser apaixonado. A paixão anuvia a visão, acelera o dia, impacienta o coração.
A serenidade do amor permite que seja perene, que serpentei no leito entre as pedras, por cima das pedras. Aceitar o outro, enxergar suas falhas, amoldar-se às arestas. Partilhar as expectativas. Demonstrar preocupação pelo atraso, pela ausência da ligação. Ansiar pela respiração ritmada. Sentir o cheiro do perfume preferido pelo ser amado, ainda que a distância entre os corpos não seja menor que 200 km.
Fala-se sempre da paixão virar amor. Eu prefiro alimentar o meu amor com paixão. Prefiro o pequeno sofrimento da espera, a quentura das mãos dadas, a brandura da entrega. Nesse contexto prefiro regar a minha plantinha com conta-gotas. A torrente de água machuca as folhas, escava o terreno.
O amor faz da paixão objeto de respiração. É como mergulhar num lindo e límpido mar azul e deparar-se com todos aqueles corais, conchas, peixes. Sem ajuda externa, prendemos o ar em nossos pulmões e apreendemos no mais íntimo de nosso ser toda aquela sensação de partilha e doação. Porém, sem o mar não seria possível fazer essa distinção.
Possamos dizer à pessoa amada como no filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain: "Sans toi les emotions d'aujord'hui ne seraient pas que peau mort des emotion d'autrefois" - SEM VOCÊ, AS EMOÇÕES DE HOJE SÃO PELE MORTA DAS EMOÇÕES DO PASSADO.