segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Onde houver trevas, que eu leve a luz

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.
São Francisco de Assis

Aprendemos essa oração, em forma de hino da Campanha da Fraternidade, no ano de 1983. Eu e minha turma da 6ª série (hoje 7º ano). Íamos à capela do Colégio Imaculada Conceição para ensaiar os cânticos da missa. Bancos lotados de meninos inquietos.

"Não façam barulho! Se aquietem nos seus lugares" - dizia a irmã superiora. Só durava uns 3 minutos o efeito do 'rela'... Ficávamos feito passarinhos arrulhando o tempo inteiro. Amaury Herculano no órgão e lá íamos nós mais uma vez - canto de entrada, ato penitencial, hino de louvor, ofertório, comunhão e ação de graças.

Essa oração de São Francisco, aprendida aos 10 anos, é uma das mais belas, que sei de cor. É morrendo que se vive para a vida eterna. Morrendo para a mesquinhez, para a pequenez. Fazendo morrer o velho homem para que nasça, no mesmo tronco, alma renovada.

Quando eu cantava desafinada, nos bancos da capela, repetia as palavras e as notas musicais, sem entender quão linda era aquela mensagem escrita por um homem nascido no século XII, na Itália.

Fazei-me instrumento de vossa paz. Fazei que eu seja para meu irmão lembrança da tua presença. Que minhas mãos sejam doadoras. Que meus olhos sejam complacentes.Que eu leve o amor, a esperança, o perdão. Que minhas palavras não sejam minhas pedras de tropeço. Que meu discurso seja condizente com meus atos e que meus atos sejam reflexos da vontade do Pai.

Em nossa cidade há uma capela dedicada a São Francisco. Encerrou-se domingo passado, dia três de outubro, a festa do padroeiro. A capela está inserida numa comunidade pobre e que nove séculos depois ainda testemunha o abismo existente na sociedade de capitais em que vivemos.

Ao aprendermos o hino da Campanha da Fraternidade deveríamos ter sido apresentados também à vida de São Francisco: suas obras, suas ações e palavras."Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, em breve estarás fazendo o impossível."

Dos bancos da capela para a vida. De nossas casas para o dia-a-dia. Em nossos trabalhos. Para servir a Jesus não é obrigatório que vendamos os bens de nossos pais, nos desfaçamos de tudo como fez Francisco e tantas pessoas que hoje são modelos de virtude que devemos observar, estudar, seguir. Cada um tem um modo de atender a esse chamado. O certo é que atender ao chamado de Jesus é ato que causa, ou causará, inquietação, sempre.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais...