domingo, 24 de outubro de 2010

Painho e Mainha

Eu falo mainha e painho. Quando tinha uns 6 anos, falava painha mas meus colegas de escola ficavam me zoando e eu mudei a forma de tratamento do meu pai. Se fosse hoje nem ligaria pois o pai e a boca eram meus e eu faria como quisesse.

O regionalismo da língua falada é uma coisa muito engraçada. Eu acho.

A gente fala cantando mesmo. E isso não me incomoda. Não falamos o 'r' dobrado dos mineiros e paulistas. Aqui no interior de Pernambuco as palavras no plural não ganham o 'xis' da capital. Não dizemos uai, nem bah, tchê! Falamos (eu falo muito) oxe! Vixe Maria!

Uma vez liguei para uma central de atendimento para resolver um problema de trabalho. Essa central funcionava em Salvador. A atendente, depois da nossa mútua identificação, fez o seguinte comentário:
- vocês aí do NORTE falam engraçado. Aí é demais, né? Tive que recordar-lhe o básico de geografia: Pernambuco e Bahia fazem parte da região NORDESTE. E não, eu não falo engraçado, eu falo português...

Outra vez, falando com uma carioca, escutei o mesmo comentário, agora com direito a 'r' dobrado, de que minha fala era engraçada. Tive que devolver o 'elogio', dizendo que ela também falava engraçado.

Trabalhei um tempo num centro de processamento que tinha gente de tudo quanto era estado. No meu setor tinha uma cearense. No Ceará e no Piauí o 'di' e o 'ti' se transformam em 'dhi' e 'thi'. Brincávamos com ela, que se identificava como "Lucineidhi", "boa-tardhi" - ao telefone.

As diferenças existem. Brincar com elas é normal, o ruim é quando a brincadeira adquire ares de menosprezo ou discriminação.