sábado, 25 de setembro de 2010

Antigamente

A Sorveteria Caboré, do português. E dona Quitéria, fingindo que era braba. Seus picolés de palito, o sorvete de casquinha. Para os jovens de agora, hoje no local da sorveteria funciona uma padaria, que segundo informações, pois ainda não experimentei, tem um delicioso pão italiano (em frente a Narciso Maia).

A Festa do Comércio. O Parque de Diversões Lira, o mais novo LP de Roberto Carlos tocando sem parar. As barraquinhas de bingo, as roletas, maçã do amor (eu não gostava). O palco com as atrações artísticas - montado defronte do Hotel Magestic, vendiam-se até mesas, ao ar livre, reservadas com antecipação.

Os jogos escolares com participação dos alunos da região. Ir torcer para meu time de handball feminino, do Colégio Imaculada, que raramente ganhava. Jogos lá no Centro de Esportes do São Cristóvão. Levar uns trocadinhos para comprar uma laranja, cuja casca era tirada por uma maquininha que girava e a transformava num longo fio.

Ficar ansiando pelo mês de setembro. Desfilar no dia sete e no dia onze, sob um sol de lascar o cano! A concentração antes da 'passarela' na Avenida Antônio Japiassu. A satisfação de passar pelo palanque onde se encontravam as autoridades.

Eu (Branca de Neve) e os Sete Anões
Missa na Matriz do Livramento no mês de maio. Igreja lotada, todo mundo de farda. Era permitido ir, nesse dia, sem o fardamento à escola. As peças ficavam em casa, para serem lavadas e passadas. Afinal precisávamos estar impecáveis e indomáveis no banco da Igreja, à noite.

Contar e ouvir histórias mentirosas numa roda de amigos e ficar com medo de escovar os dentes e ir dormir. Assegurar no próximo encontro, se houvesse um novato, que o fato escabroso tinha de fato ocorrido.

Ir ao Cruzeiro. Hoje Cruzeiro Velho. Não havia calçamento. A aventura era somente ir até lá, olhar a cidade, que ainda não subia as ladeiras das serras, e voltar.

Supermercado Servebem com suas bolsas de papel e máquinas registradoras. Ficava toda imponente quando me mandavam às compras. Tinha um bolinho de goma, acho que o nome era Amidomil. Derretia na boca. Outro dia comprei um pacotinho no supermercado... Nada da magia de que recordava!

Ir olhar as novidades da Box Pop. As coisas lindinhas que dona Neusa vendia na Miscelânea. Comprar tecido para a roupa de final de ano nas Nações Unidas. Lanchar na Centro Lanches. Comprar novos pares de sapato na Sapataria Chic, onde deu no pé, dá no preço! Perguntar quanto custa um quilo de prego no Armazém Baiaca. Eu ia com meu pai na Gecacil, onde hoje funciona o Centromed de doutor Paulo Rabello Filho. Papelaria, na COPRIL e na Prima. Remédio? Na farmácia de seu Valdir, no beco de Joinha - que por sinal fazia (e ainda faz) a alegria da criançada com fogos de artifício nas festas juninas, no seu bazar Caramuru.

Lembranças. Essas para serem partilhadas com meus contemporâneos.

Aos mais novos mostram-se as palavras.
A poesia das palavras só se revela para os irmanados por quaisquer pedacinhos dessas memórias. Um retrato do meu passado. Um pedaço substancial do que me tornei.

Fazendo um trocadilho. Poesia e biscoito. Havia muita poesia nessa época e eu a escrevia vivendo. E o biscoito que fazia sucesso na época era o que vinha numa caixinha branca com o nome "biscoitos sortidos". Sem recheio. Biscoito de leite. Biscoito de chocolate. Biscoito Champagne. Só mudavam de forma. Eram a poesia que o biscoito tipo maria não tinha!