quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Barco, brumas e gente

Barco
Como gente
Por dentro e por fora
Matéria e história
Num rio perene
Numa lagoa tranqüila
Ou num mar agitado
Se reveste da coragem
Das brumas já sentidas
Dos tripulantes já ausentes
Dos caminhos já idos.
Barco
Como gente
Nos fascina de repente
Pelo tamanho e pela cor
Pelo destino prometido.
Olhamos os remos
Quem os moverá?
Fecho os olhos
Vejo o barco da vida
À beira da água
Pedras redondas, calcando-lhe a parada
A frieza da verdade
Lambiscando sua madeira
Ao sol vêm saltitando as idéias
De ir além, muito mais do que o horizonte
Há capim roçando os seus lados
Recordando o porto seguro
Contudo balança-o o vento.
Água, âncora.
Barco
Como gente
Que não entende se fica
Ou se parte
Contempla as nuvens
São elefantes infantis
E dragões que fitam seus passos
Marinheiros, passageiros.
Deixa a corda solta
Não joga o peso
Segredos, só a madrugada os conhece
Farejo o fervor dos raios de sol
Novo dia
Novo tempo
Reparos no casco
Tantas viagens que hão de vir
E outras que deixaremos de ir
Gente e barco.