domingo, 12 de setembro de 2010

Ça sert à quoi

Ça sert à quoi, à quoi tout ça
Ce beau jardin si tu n'le vois pas
Pour qui pour quoi toutes ces fleurs
Autour de toi
Ça sert à quoi, à quoi dis-moi
Si t'as le monde rien que pour toi
Ça sert à quoi si ça ne sert à rien
Ce que l'on a

Ça sert à quoi - Chico Buarque

Egoísta. Ofício de só pensar em si mesmo.
Todos somos egoístas. Todos somos altruístas. É como no ensinamento indígena: o mal e o bem dentro de nós. Escolhemos a quem alimentar.
Neste mundo globalizado e politicamente correto, apregoado como igualitário, porém excludente, há ainda que se mudar as lentes com que o olhamos.
Esquecemos de coisas pequenas como apagar as luzes, fechar as torneiras, não jogar o lixo no chão, não depredar o patrimônio público, recusar suborno, negar-se a subornar, resignar-se diante da injustiça, não prostituir as escolhas.
Ser egoísta é agir hoje sem pensar no amanhã que estamos gerando.
É como o jardim da música de Chico Buarque "Para que serve, para que tudo isso: esse lindo jardim se você não o vê? Para quem, por que todas essas flores em volta de ti? Para que serve, para que me diz? Se você tem o mundo só para si. Para que serve se não te serve para nada?"
É guardar no armários roupas que não se usam mais. E deixar o pão mofar sem o partilhar. Negar o perfume das flores brotadas nos seus dentes. Esconder as cores que escorrem quando se estendem as mãos. Acumular o que não se vai levar para nenhum lugar.

Ser egoísta é negar ao outro conhecer a parte que por direito é dele. Ainda que essa parte seja o seu ego.
Viemos para servir. Quando somos servidos devemos cuidar para que nesse momento aconteça a graça de sermos a flor para o jardineiro.

Não é para isso que servem os jardins? Para enfeitar e perfurmar? Então que sejamos a flor para o jardineiro. Enquanto serve, é servido. E quando é servido, serve de instrumento.