terça-feira, 14 de setembro de 2010

Maria

Hoje perdi o início da novena de Nossa Senhora do Livramento. Padroeira da cidade de Arcoverde, minha cidade natal, portal do sertão.

Gostaria de poder expressar de modo convincente o porquê de chamá-la, como outros irmãos de fé também a chamam, de mãe. Aquela a quem recorremos como mediadora, que nos oferece seu colo e sua orientação, onde encontramos uma ponte segura que nos leva até o Pai. Por ela nos veio o Salvador. Mãe de Jesus e nossa mãe.

Primeira missionária. Doou-se inteiramente, estando aos pés da cruz, comungando do sofrimento do Filho de Deus, gerado em seu ventre. Vendo consumar-se a profecia e sofrendo a mesma dor que sofrem as mães pela desventura dos seus filhos.

Espelho de justiça. Sede de sabedoria. Causa de nossa alegria. Vaso espiritual. Vaso honorífico. Vaso insignie de devoção. Rosa Mística. Torre de Davi. Torre de marfim. Casa de ouro. Arca da Aliança. Porta do Céu. Estrela da manhã. Parte da Ladainha a Nossa Senhora. Suave oração. A ladainha é uma palavra que significa súplica. A minha súplica é que eu possa conformar o meu espírito ao de Maria. Que eu possa ser templo.

São Luís Maria Grignion de Montfort, no Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, escreve:
Pois que é o meio seguro e o caminho reto e imaculado para se ir a Jesus Cristo e encontrá-lo plenamente, é por ela que as almas, chamadas a brilhar em santidade, devem encontrá-lo. Quem encontrar Maria encontrará a vida (cf. Prov 8, 35), isto é, Jesus Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14, 6). Mas não pode encontrar Maria quem não a procura; quem não a conhece, e ninguém procura nem deseja o que não conhece. É preciso, portanto, que Maria seja, mais do que nunca, conhecida, para maior conhecimento e maior glória da Santíssima trindade.

Mistério maravilhoso. Gosto de imaginar Jesus, segurando com suas mãozinhas o rosto de Maria, dando-lhe beijos, chamando-a, no aconchego do lar, de mãe. De manhã cedinho, antes de sairem José e Jesus para a carpintaria, a primeira refeição. Casa abençoada com a presença do menino Deus.

Essa rotina santificada é que deveríamos ter em nossas vidas. Ele nos bate à porta antes de ir à carpintaria. Todos os dias. Quer entrar. Assentar-se. Saber dos nossos problemas. Ele aprendeu com o exemplo. Não é assim também que nós, mães, fazemos com os nossos filhos?

Jesus também foi aluno. O Mestre foi discípulo de Maria, sua mãe. Não é um mistério para eterna contemplação?

Em oração, repito os versos de Nicodemos Costa, em Doce Mulher:



Vem à minha casa, ó doce Mulher. 
Faz do meu coração o teu lar.
Eu sei, teu Filho, assim o quer.
Vem à minha casa, ó doce Mulher.
Maria, a minha casa, agora tua casa é.
Teu olhar me faz caminhar.
Tua voz firmeza me dá.
Esperança, sempre tenho em ti
E quando anoitece, 
eu sinto a tua mão a me guiar no escuro,
a dar-me direção.