terça-feira, 28 de setembro de 2010

Rico. Pobre.

O rico e o pobre. Extremos de uma situação social. Via de regra é o que nos vem à mente: convenção da estratificação que aprendemos bem cedo na pirâmide que fatia e delimita a população nas faixas sócio-econômicas.

Contudo há muito mais possibilidades no escopo dessas duas palavras.

Há ricos avaros. Porém não nos enganemos, pois há também pobres avaros. Ambos com pequenez de horizontes e de espírito. Suas almas estagnadas não anseiam pelo encontro e pelo crescimento que somente a partilha proporciona.

Há ricos generosos. Doam seu tempo, seus recursos, olham os necessitados e reconhecem-se capazes de minimizar as carências. Há pobres generosos. Partilha de espírito, às vezes, pois não há mais nada que possam dividir.

Pobre e rico são adjetivos. São variáveis. Até em sua classificação morfológica. Assim também acredito que Deus não considere essa questão fechada.

A parábola contada por Jesus (narrada por São Lucas, no capítulo 16 - http://www.paulinas.org.br/diafeliz/evangelho.aspx ) não encerra a questão com a afirmação simples de que os abastados estarão condenados à exclusão do seu reino. Muito mais que punição, a intenção de Jesus foi e é de alertar aqueles que não sabem e ainda não puderam aprender a dividir as bênçãos e os dons.

Não é o castigo o centro da leitura. Nem o centro da missão de Jesus.

O cerne da questão é a riqueza de quando nos tornamos pobres. Esvaziados e repletos.

O rico em posses de bens materiais também é filho de Deus. E, à mesa, o Pai também espera ansioso por aquele filho querido que compreendeu a riqueza como meio de proporcionar conquistas coletivas, que assimilou a graça da partilha e chega ao banquete despojado do antigo, revestido de um novo homem, com um coração humilde de criatura.

O Deus de misericórdia antes deseja não perder nenhuma das suas criaturas. Não as ignora. Mas é preciso agir para que a mesquinhez e a avareza não sejam nossa pedra de tropeço. Que a inveja ou a ambição construam muros ao nosso redor. Precisamos compreender a riqueza - voluntariado, partilha, entrega. Deixar de lado a pobreza dos pequenos atos. Também precisamos ser pobres, despojados da vaidade do ter. Tornar nosso espírito rico, engendrador, construtor de pontes.