quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Minha jardineira e meu tamanco

Tenho muitas mães: a minha (que é minha e do meu irmão), a minha avó, a minha tia, a minha sogra e Maria, mãe de Jesus. O meu Deus é Uno e Trino.
Tenho um cachorro labrador chamado Sansão, presente comemorativo nas minhas bodas de estanho - dez anos de casamento.
Tenho plantas no meu quintal e no meu coração. Neste tenho brotos e naquele rosas e manjericão roxo.
Tive uma professora de Português chamada Jacirene, ensinou-me a descobrir que há nas letras muito mais do que revelam.
Fui ao Egito na 7ª série. A viagem acontecia semanalmente, na aula de dona Zélia Veloso. Na aula dela eu não tinha tempo para jogar nenhuma conversinha fora. Os escravos, as pirâmides, os costumes - tudo aquilo me consumia toda a atenção.
Aprendi a assobiar com meu pai. E sei mesmo. Não é enrolação. Esse hábito deixava o meu avô brabo. Repreendia-me quando me via chegar do colégio assobiando: - Parece um moleque!
Adorava decorar as propagandas! Repeti muitas vezes a da Casa Lux Ótica, na década de 80... "Tem gente que precisa usar óculos de grau, mas não usa. Diz que é feio, que incomoda, que envelhece, que machuca"... (alguém lembra?)
Quando eu era pequena minha avó aprontava o almoço cedo e eu e meu primo lanchávamos caldo de feijão com leite, arroz e banana. Pode parecer estranho, mas eu gosto demais!
Tive muitas bonecas, porém do que eu gostava mesmo de brincar era com os bonequinhos do Playmobil. Gostava também de bola de gude e jogos de tabuleiro.
Meu primeiro óculos de grau tinha as lentes cor de rosa.
Tive uma amiga de infância que diziam que era piolhenta. Nunca passou para mim... E eu gostava dela e pronto. Na escola também havia uma 'rejeitada'. Não era amiga dela, mas nunca participei das zoações - ela sempre me olhava com aquele olhar de 'obrigada'.
Chupei chupeta até os seis anos. Não permiti que as minhas filhas demorassem tanto tempo no mesmo vício.
Minha sobremesa preferida, na infância, era pudim de leite. Minha mãe tinha que fazer e esconder.
O chocolate de que mais gostava era Prestígio. Melhor, ainda é.
Eu tinha uma jardineira e um tamanco que me faziam sentir a rainha da cocada preta. Quem não tem uma roupa com esse poder?

Eu, minha jardineira e meu tamanco!


Dentro de mim há uma ebulição de coisas, pensamentos, desejos. Sou o que falo e o que como. Sou quando calo e grito. Estou quando fico e parto. Ruborizo fácil. Tenho o gênio difícil, às vezes. Não gosto de receber cobrança. Sou credora. Prefiro assim. Os detalhes e os prazos são importantes para mim.


"Sou uma mulher madura
Que às vezes anda de balanço
Sou uma criança insegura
Que às vezes usa salto alto
Sou uma mulher que balança
Sou uma criança que atura."
Martha Medeiros