quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Sem deixar para depois

Não tenho dúvidas sobre a existência 
do meu ser
Respiro a vida que surge brotada no entardecer
Por vezes segregada no desmanchar dos raios no duro asfalto
Flores no vaso - sorriem com seu odor
Enfeitam minha casa
Perfumam minhas memórias
Parcas em dias corridos
Abundantes na preguiça quente da primavera.
Quero ainda poder compartilhar mais de mim
Com aqueles que mais amo.
Sem deixar para depois
Projeto para agora
Depois posso viajar e quem saberá o destino final?
No caminho sigo em frente e adiante
Porque não posso andar sobre os meus passos
E atrás de mim vem um fogo empurrado pelo vento.
Descanso no remanso ao lado
E antevejo a felicidade
Do encontro adiante. 
Rio e mar. Complementares.
Ora sou seixo, ora leito das águas
Ainda ontem passei por grosso tronco
Que derrubei quando fui ventania.
Sou criatura. Ser.
Sei do que sou feita
E dessa matéria transbordo
Bordo. Linhas e cores.
À bordo. Popa e proa, à deriva.
Ser barco e mar
Tempestade e calmaria
Sinônimo para educação
Antônimo de águas paradas
Ouço essas letras:
Falam de mim?
Escondi meus segredos e não lembro onde.
Poderia me ajudar pequeno beija-flor?
E sigo no jardim,
De flor em flor
Nas rosas, nos espinhos
Esqueço se procuro ou se encontro respostas
Para o brilho que há dentro de mim.